A medicina do esporte evoluiu – e muito – de alguns anos para cá. Novos estudos mudaram a maneira de trabalho de médicos e preparadores físicos, e o aperfeiçoamento das estruturas à disposição dos atletas – desde academia até maquinário -, fizeram com que as atividades oferecessem menos risco de lesão. O assunto em questão foi pauta de uma conversa entre Zico e Tannure.
A evolução da medicina no esporte foi tema principal de um bate-papo entre Zico, o maior ídolo do Flamengo, e o Dr. Márcio Tannure, gerente de Saúde e Alto Rendimento do Rubro-Negro – e médico particular do Galinho, que trocaram experiências e apontaram as mudanças registradas em tantos anos de futebol.
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Durante a conversa, Zico fez questão de elogiar os profissionais com os quais trabalhou, mas contou como funcionava a preparação física na época em que era jogador – em moldes inimagináveis para quem acompanha o futebol nos dias atuais.
” Eu tive a felicidade de trabalhar com grandes médicos e grandes preparadores físicos. É logico que tudo era feito na base da experiência que era feita e você via o resultado. Se fosse positivo, você repetia. Alguns jogadores se davam melhor com alguns tipos de exercício… Outro dia, surgiu nas redes uma foto minha com o Cláudio Adão, subindo a vista chinesa. A foto é maravilhosa, mas causou um prejuízo muito grande. Não tinha aparelhagem ideal, o tênis não era adequado. A gente subia ladeira, o jogo é na grama e na horizontal. Eu não entendia porque a gente jogando na grama, tinha que correr no asfalto, subir morro, fazer treino de arquibancada na Gávea para ganhar força”, disse, antes de prosseguir:
“Os preparadores da época achavam que isso poderia dar mais condição para os jogadores, mais força, para você ter velocidade na época. Eu tinha treinos, o circuit training, de fazer flexão, salto, agilidade, aquele canguru com pneu cheio de areia… Aquilo me dava uma confiança muito grande para ir pro jogo, mas era um caso específico meu. Eu preferia fazer aquilo do que correr 5km no asfalto, na lagoa ou subir a vista chinesa”, contou o Galinho, ao relatar a importância da individualidade nos treinamentos.
Zico citou, ainda, como as atividades de preparação física da época ocasionaram graves lesões nos atletas, algo que é raro nos dias de hoje, justamente pelos treinos com aparato científico e material adequado.
“Muita gente teve problema de tornozelo, de joelho, de coluna. Os números foram muito grandes no pessoal que fez esse tipo de exercício, porque era toda semana isso. Não tinha nenhum lugar reto, era tudo subida. Mas era o momento da época. Não tinha aparelhagem adequada de musculação, era meio que no empirismo, “acho que é bom”. Hoje, você tem infraestrutura, a possibilidade de lesão grave é com pancada, choque, do que com lesões que eu tive”, pontuou.
Após o relato do Galinho sobre seus tempos de jogador, o Dr. Márcio Tannure concordou com a fala do ídolo do Flamengo, e reforçou a importância da individualidade nos treinos. O especialista destacou, ainda, como as análises de carga influenciam no resultado alcançado com cada jogador.
“É óbvio que a gente sabe que foram cometidos erros que não foram propositais, mas era o conhecimento de avaliar que era o ideal. E era o que se tinha de mais moderno. Hoje, a gente consegue avaliar a carga intera. Não só o treino, mas como o corpo está reagindo. Cada um tem um treinamento ideal, a individualização, a tentativa do treinamento é muito importante”, contou o médico.
Tannure comanda medicina do Flamengo
O Dr. Márcio Tannure está no Flamengo há mais de 20 anos, e é o principal responsável por tudo o que envolve a saúde dos jogadores. Hoje, ocupa o cargo de gerente de Saúde e Alto Rendimento do clube.
Tannure chegou ao Flamengo em 2002, como estagiário. Desde então, atuou com os esportes olímpicos, foi coordenador médico das categorias de base e chefe do departamento médico de futebol profissional, cargo que ocupou até assumir a gerência do setor de saúde.
Fora do Flamengo, Márcio Tannure é médico particular de Zico e toda a família do Galinho, e também responsável por acompanhar diversos ídolos da geração de 1981, campeã do mundo pelo Mengão.
Fonte: Mundo Rubronegro