Um grande dia para a base, um dia não tão bacana para os nossos zagueiros

E mais uma vez, em virtude do incrível planejamento da nossa diretoria e do glorioso trabalho de treinadores anteriores, chegamos na reta final do Campeonato Brasileiro sem grandes ambições. As chances de título são remotas, a vaga para a Libertadores já está garantida e o grande motivador parece ser “a diretoria colocou como meta ser no mínimo vice”, o que não tem tanta força já que essa mesma diretoria tem metas como “fazer SAF” e “morder virilhas”.

Mas temos Filipe Luís e o homem é competitivo até em gincana do colégio dos filhos, como ficou claro na vitória desta quarta-feira diante do Cuiabá, uma partida com uma equipe desfalcada, que poderia estar apenas cumprindo tabela, mas onde o Flamengo lutou pelos três pontos até o último minuto de jogo.

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E muito disso se deve, é claro, à presença dos jogadores da base. Com um gol do estreante Guilherme Gomes e outro de Matheus Gonçalves, um dos atletas que Tite parecia acreditar que era na verdade um funcionário da TI do clube e não poderia ser colocado em campo, o Flamengo decidiu a partida exatamente com a entrada dos crias, que foram lançados por Filipe no segundo tempo.

Um segundo tempo que foi bem abaixo do primeiro, onde o Flamengo havia dominado a partida porém sido, mais uma vez, muito pouco eficiente na hora de finalizar, com Michael mostrando que ao contrário de vários atacantes que dão um drible a mais na hora do chute, ele estava disposto a dar entre três e cinco dribles a mais, mais ou menos como se o botão de chute dele estivesse quebrado e a única opção fosse passar driblando pela linha do gol.

Outro destaque do primeiro tempo foi ele, Wesley, que vem consistentemente se mostrando não apenas seguro no aspecto defensivo como uma importante válvula de escape no aspecto ofensivo, chegando ao extremo de agora também chutar de maneira perigosa de fora da área, uma reviravolta tão brutal em relação a momentos anteriores da temporada que começamos a acreditar que na verdade existem dois gêmeos, Wesley e Washington, sendo que um era o destaque da base e o outro, que odeia futebol, precisou cobrir o irmão durante alguns meses pra ele poder focar só em brigar nos quiosques da Barra.

Mas a partida não foi tão gentil, por exemplo, com nossos dois zagueiros. Fabrício Bruno levou bola nas costas, foi facilmente ultrapassado e basicamente assistiu no Espaço Fla+ o gol do Cuiabá, enquanto Léo Pereira foi salvo pelo impedimento em uma jogada onde ficou basicamente de bundinha no chão para o atacante Pitta. Não o Haaland, não o Messi, não o Vini Jr. O Pitta. São situações que precisam sim levar a algum tipo de reflexão, porque normais não podem ser.

No geral o que tivemos foi uma vitória que, se não nos coloca na briga pelo título – de onde provavelmente fomos tirados por Tite várias rodadas atrás – ao menos nos mantém numa posição mais respeitável no Brasileirão, já que um time do calibre do Flamengo não pode ficar fora do G4 nem mesmo caso não precise de uma vaga no G4.

E que cimenta ainda mais Filipe Luís como um técnico que consegue não apenas impor respeito aos jogadores mais experientes como também tem conhecimento e confiança na base pra saber a melhor maneira de usar os moleques, algo que, numa temporada como a próxima, em que o Flamengo vai disputar ainda mais competições, com certeza tende a fazer muita diferença.   

João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.

Fonte: Mundo Rubronegro

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