Um gol foi pouco – mas garantiu a vitória que o Flamengo precisava

Existem muitas maneiras de exemplificar a superioridade de uma equipe sobre outra. E ainda que vencer ou não seja com certeza a mais importante – não adianta nada ser superior em qualquer outra coisa se o seu adversário levar os três pontos – vários outros critérios podem servir para sinalizar quem foi ou não o dono de um jogo.

Posse de bola pode indicar quem dominou as ações, ainda que ter a bola não seja sinônimo de saber usar. Número de faltas pode dar uma pista de quem tentou criar e quem tentou bater, ainda que nem sempre isso se traduza em resultado. E claro, o número de chutes no gol é uma boa forma de avaliar quem esteve mais perto de marcar, ainda que muitas vezes uma equipe possa sim ser mais eficiente, e precisar de menos chances para fazer mais gols.

Ele queria dar alegria para um povo, mas acabou dando felicidade para uma Nação

Mas peguemos então o duelo entre Flamengo e Fluminense deste domingo, na vitória rubro-negra por 1×0. Nessa partida a equipe do técnico Tite, tão esfacelada, desfalcada e fragmentada que em breve o próprio Adenor vai atuar improvisado como volante, teve quatro chutes a gol, contra zero chutes da equipe tricolor.

Um número que sinalizaria uma situação pontual e até inesperada – afinal, como foi repetido várias vezes durante o Carioca, estamos diante do atual campeão da Libertadores – mas que não é tão pontual e nem mesmo tão inesperada. Afinal, esse é o terceiro jogo seguido entre as equipes onde o Fluminense não consegue lançar uma bola entre as traves, disparar uma redonda entre os arcos, dar uma desgastada na luva de Agustín Rossi.

Então mais do que justa, a vitória desse cansado e machucado Flamengo, um time onde tem zagueiro jogando de volante, Wesley se garantindo como titular e Bruno Henrique, apesar de decisivo na jogada do pênalti, se comportando durante grande parte da partida como se não estivesse totalmente adaptado à gravidade terrestre, saiu muito, mas muito barato, para um adversário que parecia não apenas confortável na 20ª colocação do Brasileirão como disposto a convidar mais um time pro torneio e deixar que ele passasse na frente, pra poder então ser 21º.

O resultado foi mais uma vitória eletrizante de um Flamengo que, apesar de em alguns momentos confuso e em outros displicente, segue lutando até o fim e se garantindo na ponta de um campeonato disputadíssimo, mesmo sem diversos titulares, com várias lesões e enfrentando uma tabela inclemente, tão complicada que até Tite, essa verdadeira esfinge gaúcha que normalmente se comunica através de enigmas, acabou tendo que se posicionar.

Então no dia em que aparentemente o Flamengo pode ter dado um passo importante na construção do seu futuro estádio, com a desapropriação do terreno do Gasômetro, o time, que tem agora apenas mais cinco jogos na pausa da Copa América antes do retorno de alguns de seus principais titulares, também deu mais um importante passo no Brasileirão ao se apropriar totalmente do campo no Maracanã neste domingo. Que a gente possa, mesmo com as lesões, os desfalques e a série de jogos, continuar assim.

João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.

Fonte: Mundo Rubronegro

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