Não que as coisas tenham começado bem. Afinal, quando você lê a frase “Varela improvisado na lateral-esquerda” você tem ao menos 3 razões pra ficar triste. Uma é que algo aconteceu com Ayrton Lucas, que sempre tenta oferecer ao menos alguma esperança por aquele lado.

Outra é que, se Varela não consegue jogar bem do lado certo, imagina como vai se sair atuando invertido. E a terceira é que, se Varela está improvisado na esquerda, então Wesley, um homem que toma decisão dentro de campo que nem você toma depois de 15 Skol Beats no carnaval, é o titular da direita.

De acordo com Rossi, Flamengo estava cansado da viagem e treinos

Então aconteceu basicamente o que se esperava. O Flamengo diante do Vasco teve mais posse, dominou as ações, rodava e girava, mas praticamente toda bola que o adversário cruzava criava um clima de puro caos na defesa rubro-negra, seja porque nosso lateral-direito não sabe marcar, seja porque nosso lateral-esquerdo é igual ao direito, só que na esquerda.

Nesse cenário brilhou a figura desse herói improvável que vem se tornando Léo Pereira. O zagueiro que nós um dia já odiamos com todas as razões do mundo, não apenas se tornou um excelente e dedicado marcador, como cada vez mais tem chamado para si a responsabilidade de corrigir as falhas alheias, seja tirando em cima da linha a cabeçada que Varela foi incapaz de marcar, seja salvando também quase dentro do gol um lance nascido de falha grotesca de Rossi, que participou pouco da partida, mas fez questão de participar errado.

E quando a partida já parecia ter sucumbido ao tédio de um Flamengo que tinha posse de bola mas não criava chances contra um Vasco que vivia de ligação direta e bola isolada na área, eis que aconteceu. Após uma troca de passes no meio de campo, Arrascaeta sofreu um pênalti, fruto muito mais da afobação do zagueiro cruzmaltino do que qualquer grande evolução da equipe rubro-negra.

Gabigol, agora em campo após substituir Pedro, na mesma mudança em que Bruno Henrique entrou na vaga de Cebolinha, pediu a bola. Frio, especialista em pênaltis e já um ídolo histórico rubro-negro, era essa a chance pra um Gabriel Barbosa, que sempre se mostrou especialista em decidir, poder então decidir mais uma. A partida já estava acabando, nada de interessante vinha acontecendo, era balançar a rede, comemorar e esperar o apito do juiz.

Mas obviamente não foi isso que aconteceu. Após sinalizar o canto com 3 dias úteis de antecedência, como se fosse o envio de um documento bancário, Gabi realizou uma cobrança obscenamente preguiçosa, que o goleiro vascaíno poderia ter defendido mesmo se tivesse saído da Barra, de ônibus, no momento do chute. 

Resultado? Um 0x0 absolutamente miserável, em que ficou clara a dificuldade que o Flamengo ainda tem para criar jogadas e o fato de que acreditar que o Flamengo não precisa de lateral-direito é praticamente um terraplanismo esportivo, já que Varela não sabe marcar, Wesley parece um bocado confuso da cabeça e Matheuzinho é o cara que o clube considera pior que Varela e Wesley. 

Está mais complicado recuperar Gabigol do que a constituição dos Estados Unidos naquele filme do Nicolas Cage e estamos neste momento na 6ª colocação do Campeonato Carioca. Não existe razão pra desespero, mas é visível o quanto de trabalho Tite ainda tem pela frente. Se Léo Pereira foi seu melhor jogador não apenas na defesa como praticamente também no ataque, muita coisa ainda precisa evoluir.

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Fonte: Mundo Rubronegro

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