De vez em sempre eu fico pensando em todo processo que tirou o Flamengo do buraco, passou pela glória (não tão eterna assim) e chegou a essa draga cheia de equívocos e episódios vergonhoso dentro e fora de campo.
Quando essa diretoria foi eleita eu confesso que senti um medo imenso do que estava por vir. A propagação da lenda da ex-diretoria banana só reforçava os caras que “trariam o Flamengo de volta”. Eles só não deixaram claro de qual Flamengo seria. E o Flamengo voltou.
Aquele time que todo mundo acreditava e se orgulhava foi murchando, sumindo e passando despercebido para a maioria, mas os sinais sempre estiveram ali.
Que 2019 foi uma exceção, até o mais inocente rubro-negro sabe disso e espero que ele também saiba que a abertura do Ninho, depois que usaram Pelaipe de boi de piranha, foi o início do fim.
Vazamento de documento, de escalação, de áudio que levou até a demissão de treinador campeão de Brasileiro, falta de comando, contratações equivocadas e direcionadas por apenas um canal. Ocasião e não necessidade. Isso tudo foi enfraquecendo o time e a tendência de achar um bode expiatório que desviasse o foco dos principais culpados está cada vez mais evidente.
Vou dar uma dica: o time inteiro joga mal, mas sempre tem apenas um culpado. Não livrando a cara de ninguém, porque inocente nessa história é apenas o torcedor comum, mas são onze em campo, mais uma galera no banco de reserva, um treinador que não sustenta uma armação tática. São muitos, muitos problemas que trouxeram o maior do mundo até aqui.
E a água começa a bater no nariz e sobrar, primeiro foi jogador desrespeitando ordem e tomando soco no vestiário por causa disso, depois foi jogador trocando soco em treino e o auge, vice presidente agredindo torcedor em corredor de shopping.
Isso tudo em véspera de decisão. Uma decisão que pode assegurar a participação do Flamengo na Libertadores do ano que vem, já que não dá pra confiar na constância do time, tem que jogar com o que pode e é o que tem no momento.
O termômetro do pobre time rico está no alto, prestes a explodir e tudo isso porque nossos dirigentes estão sentados em suas montanhas de poder e arrogância. O pretenso profissionalismo tão pregado na eleição, nunca existiu e pelo visto, ninguém nunca teve a intenção de que existisse. As derrotas chegam e o papo furado de estádio próprio já é tão óbvio que virou um triste meme na torcida.
E quem sofre de verdade é o torcedor. O que se mata pra pagar ST, que é horroroso por sinal, o que se entristece de mesmo com o meio barro, meio tijolo do time, não poder estar no Maracanã pra apoiar. Futebol é caro, mas mais caro ainda é se afundar agarrado em convicções burras e autoritárias. A diretoria do Flamengo é pobre, pobre de espírito, de alma, tão rica que só tem dinheiro.
Queremos sim, o nosso Flamengo de volta. O que dá orgulho, que mesmo com salário atrasado corria e dava o sangue em campo, se agarrava a qualquer vitória como se fosse o último prato de comida. Não ganhávamos sempre, aliás, perdíamos muito, mas o orgulho, ahhh o orgulho era imenso.
Eu sempre acredito que o Manto é mais forte então vamos juntos, em frente. Esses caras vão e a gente fica.
Nós somos o Flamengo.
Renata Graciano é jornalista, apaixonada pelo Flamengo, por futebol e que morre de saudade das chuteiras pretas.
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Fonte: Mundo Rubronegro
