‘Pinóquio do mal’, SAF e futebol: ataques marcam debate com candidatos do Flamengo

Candidatos à presidência do Flamengo participaram de debate organizado pela “ESPN” para falar propostas para o próximo triênio do clube, nesta segunda-feira (18). Programa com mais de duas horas que contou pouca apresentação de ideias e muito mais ataques pessoais entre Bap, Maurício Gomes de Mattos e Rodrigo Dunshee. Confira os principais pontos da sabatina.

A começar com os diferentes de trocas de farpas e acusações entre os presidenciáveis rubro-negros. Temas como estádio, SAF e o futebol foram os que causaram maiores momentos de tensão. Mas também tiveram falas polêmicas e detalhes de como cada candidato pretende organizar a gestão do clube.

Dunshee e Bap trocam acusações no debate sobre quem é o ‘pai’ da SAF no Flamengo

MGM chama Dunshee de ‘Pinóquio do mal’

Rodrigo Dunshee acusou tanto Maurício Gomes de Mattos quanto Bap de terem feito lobby contra e não votarem pela a compra do terreno do estádio. Ele citou a ata de votação e deu a entender que ambos deixaram o Ginásio Hélio Maurício quando perceberam que a aquisição seria aprovada.

“Falando especificamente de você, nem você votou a favor do terreno do estádio, nem o bandeira de melo. E todo mundo sabe porque a ata de votação é pública. A gente sabe que nem você e nem os colegas do Bap votaram, foram embora. Se eu sou Flamengo e a favor do estádio, sonho da nossa Nação, está faltando 10, 20 minutos para ser votado. Eu vou embora? Isso aí para mim é a maior prova de que você está contra”, disse Dunshee.

Na réplica, MGM negou ser contrário ao estádio próprio e chamou o adversário de mentiroso. Além disso, ao citar a recente briga pela posição das faixas de campanha na sede, atacou Dunshee de “Pinóquio do mal” e “covarde”.

“Bom, se você aprovar o que você está falando, eu realmente não vou te chamar de Pinóquio. Como você não vai aprovar, você é Pinóquio, porque eu entreguei um estudo de viabilização, de viabilidade econômica, financeira, para cada um dos presentes. Eu vou contra o que eu estava apresentando? Você está realmente, você é um Pinóquio. Agora, é um Pinóquio do mal, porque você utilizou a força do clube para tirar uma faixa.”

Quem é o ‘pai’ da SAF?

A polêmica discussão sobre transformar o Flamengo em uma SAF e quem seria o verdadeiro responsável por iniciar o debate também foi abordada. Dunshee afirmou que Bap levou o assunto para os conselhos do clube e era grande incentivador do clube discutir o tema. Mas Luiz Eduardo Baptista o acusou de mentir e garante que o grande interessado era o presidente Rodolfo Landim.

O candidato da Situação teve o direito de pergunta e afirmou que pessoas do grupo de Bap apresentaram proposta para compra do Flamengo, com “alta comissão para fazer uma SAF”. Referindo-se ao relatório da “Win The Game”, da qual Cláudio Pracownik faz parte, sobre um modelo para uma possível venda do clube. Mas Bap rebateu dizendo que o estudo foi encomendado pela atual diretoria.

O perfil da campanha de Dunshee postou a oferta nas redes. Pracownik se manifestou e reforçou que a gestão Landim contratou o serviço: “O próprio título do contrato explica tudo: Contrato Assessoria! Pena que o Rodrigo Dunshee mesmo sendo advogado não saiba ler ou entender sua natureza! Estaria assessorando a quem? Ao Flamengo! Por quê? Porque eles me pediram essa proposta e essa era a razão de ser da minha empresa”.

Ataques pessoais

Todos os candidatos do Flamengo afirmaram mais de uma vez que os adversários mentiram durante o debate, mas em alguns momentos essa tensão subiu para um tom mais agressivo. Principalmente na troca de farpas entre Bap e Dunshee.

Um desses momentos foi quando Dunshee ironizou Bap por estar lendo “colinha” e afirmou que o chamar de mentiroso era “ridículo”. Ele também cobrou desculpas do ex-dirigente a Filipe Luís por ter se referido ao técnico como “cachorro”

A resposta do membro da oposição foi: “Não responde absolutamente nada porque não entende. Não tem planejamento, falta processo, preferência por amigos, formação de base caindo. Declínio evidente nos últimos dois anos. Ninguém chamou o Filipe Luís de cachorro. Você mente um dia sim e o outro também. Não tem conteúdo, estrutura e nem estofo para ser presidente”. Fala que fez Dunshee pedir respeito.

MGM também criticou o membro da Situação após ser questionado o motivo de ter “abandonado” a gestão vitoriosa para se aliar a Bandeira de Mello. O ex-VP de Embaixadas e Consulados cobrou que Rodrigo não fosse “ingrato” e tratou a pergunta como lamentável.

Por fim, Bap demonstrou incômodo ao responder pergunta se comandaria o Flamengo morando em São Paulo: “É claro que eu vou morar no Rio.”

Falas polêmicas de Dunshee e Bap

Torcedores não aprovaram todas as declarações dadas no debate, o que é natural, e tanto Dunshee quanto Bap foram alvos de críticas. O primeiro ao falar sobre a gestão do futebol e chamar o Maracanã de “campo neutro”, enquanto o membro da Oposição comentou ideia de camisas de segunda linha em questão sobre abaixar preço do Manto.

O atual VP geral e jurídico do Fla defende a gestão do futebol ao afirmar que as trocas de técnico viraram “tradição do Flamengo”, além de classificar os quase R$ 50 milhões em multa como “investimento” para os títulos que vieram na sequência.

Além disso, defendeu o ganho esportivo que um estádio verdadeiramente “caldeirão” pode dar ao clube: O Flamengo joga no Maracanã que é um campo neutro. Todo mundo que vem para o Maracanã fica muito tranquilo”.

Um dos blocos do debate contou com a pergunta de torcedores nas redes sociais, e um rubro-negro questionou: “Vocês pensam na população de baixa renda e formas para baixar os preços das camisas oficiais do Flamengo?”

A resposta de Luiz Eduardo Baptista deixa claro que abaixar o preço das camisas oficiais (R$ 350) não é uma opção. Sua proposta é desenvolver camisas de qualidade inferior para atender ao torcedor que não pode adquirir o Manto Sagrado de jogo.

“O Flamengo tem contrato de produtos materiais esportivos de primeira linha com Adidas, e o Flamengo tem a possibilidade de fazer produtos de segunda linha, eventualmente com a própria Adidas ou com outros fabricantes. O Flamengo tem um contrato com a Braziline que ele poderia desenvolver produtos nesse sentido. Esta é uma decisão política que pode e deve ser implementada enquanto o clube tenha vontade de fazer novos negócios. No nosso plano de governo, nós vamos buscar novos negócios, levar adiante o produto de segunda linha. Nós temos planos nesse sentido, sim”

Profissionalização do futebol

O assunto amadorismo e profissionalização tomou grande parte do debate, com acusações contra a atual gestão e propostas para encerrar a participação de dirigentes amadores. Apenas Rodrigo Dunshee possui uma visão diferente.

Dunshee disse que vai manter Bruno Spindel e quer um diretor esportivo para trabalhar ao lado do dirigente, o que hoje faz Marcos Braz. Mas, diferente dos rivais, não fala em acabar com a influência do vice-presidente da pasta e cita Rodrigo Caetano como exemplo de como pode ser prejudicial deixar as decisões na mão apenas de um profissional.

MGM apontou essas falas como demonstração do amadorismo “na essência” da atual diretoria, antes de citar o caso Gabigol como exemplo: “Várias condições, palavras dadas, palavras não cumpridas, para que chegássemos a um desfecho tão ruim, que a diretoria e o jogador não conseguissem se entender. O Gabigol é ídolo, mas nada e ninguém pode estar acima de ninguém.”

Já Bap, também crítico do que classifica como atitudes amadoras, explicou como pretende formar o departamento de futebol do Rubro-Negro caso eleito:

“Vamos ter um diretor técnico de cima a baixo no Flamengo, ele vai ser o responsável pela forma que a gente joga, vamos ter processos, planejamento para o ano seguinte. Em 2025 vamos jogar 85 partidas se o Flamengo disputar tudo e, se não tiver um planejamento adequado, esquece. O que pode acontecer é contratar jogadores tardiamente, diferente de concorrente que fizeram planejamento melhor. Aprenderam com a gente há quatro anos e hoje estão trabalhando de forma mais profissional”, disse Bap.

A eleição do Flamengo

Os sócios do Flamengo vão decidir no presidente do próximo triênio no dia 9 de dezembro, uma segunda-feira, na Gávea. O pleito deste ano desponta como um dos mais disputados dos últimos anos, e a expetativa é de muitos presentes. Os números das chapas são: Bap- 1; MGM- 2; Dunshee- 3.

Mais um debate com candidatos do Flamengo está marcado para o dia 4 de dezembro, organizado pelo jornal “O Globo”

Fonte: Mundo Rubronegro

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