Não segue o líder não – tá gostoso ficar sozinho por aqui

A expectativa pra esse período da Copa América era, no cenário mais otimista, bastante pessimista. Sem vários titulares, sem os principais nomes do nosso meio de campo, a análise geral era de que, se a gente não deixasse que os líderes do campeonato se distanciarem demais, já era vantagem.

Some a isso várias lesões e Wesley titular e se manter no G4 já parecia muita coisa, não ver um Palmeiras da vida abrir vários pontos já era um bom negócio. 

Um jogo como o desta quarta-feira então? Fora de casa, contra outro candidato ao título, poupando Pedro, o atacante que mais fez gols no Brasil neste ano, o cenário que já não era animador se tornaria ainda mais complicado.

Não fosse um simples fato, que é o de que o Flamengo de Tite, neste Brasileirão, parece ter decidido ignorar cenários, não ouvir previsões, atirar pela janela prognósticos, e contar ele mesmo a própria história.

JOÃO LUIS JR.: Mesmo retalhado, lesionado e baleado, o Flamengo segue líder

Uma história que envolve, em primeiro lugar, não ligar pros desfalques. Arrascaeta era a referência técnica do time? Perdão, agora é Gerson. Léo Ortiz era zagueiro? Não é mais, agora ele é o Toni Kroos. Varela era nossa opção mais confiável pra lateral-direita já que Wesley se comportava como se tivesse acabado de ver pela primeira vez uma bola após viver com lobos-guará durante vinte anos? Perdão, você deve estar confuso, Wesley é na verdade a reencarnação de Carlos Alberto Torres e não venha me dizer que as datas não batem.

Porque o Flamengo de Tite, diante de um cenário que destroçaria a maior parte dos times brasileiros, que é perder ao mesmo tempo jogadores para convocações, lesões e outras razões mais estúpidas, como negociações bizarras de renovação, optou por se reinventar.

Figurantes viraram coadjuvantes, coadjuvantes viraram protagonistas e o Carlinhos, que a gente de vez em quando nem lembrava que existia, não só fez gol como ainda gerou emoção dedicando pra sua mãe que faleceu tem pouco tempo.

E isso parece ser a essência do que a equipe rubro-negra vem mostrando nas últimas partidas, que é uma imensa capacidade de se adaptar mesmo diante dos cenários mais absurdos.

Quando perdemos nossas peças de criação, outras peças ocuparam esse lugar, quando ficamos sem volante jogadores de outras posições atuaram esse espaço, quando nosso atacante reserva parecia estar saindo para outro clube, o jogador que trouxemos de última hora do Nova Iguaçu decidiu justificar a sua contratação.

Um cenário precário, claro. Não parar o Brasileirão durante as datas FIFA segue sendo um absurdo, a ausência de jogadores do calibre de Cebolinha obviamente é sentida, todo o imbróglio envolvendo Gabigol é totalmente bizarro e mereceria um texto inteiro apenas sobre ele.

Mas a capacidade do Flamengo de, no meio de uma situação absolutamente caótica como a atual, não apenas se manter na liderança como fazer isso aplicando uma vitória maiúscula diante de um time considerado postulante ao título, na casa do adversário, é algo que merece ser reconhecido.

Um trabalho que passa pelas decisões acertadas de Tite, pela qualidade do elenco e acima de tudo pela vontade dos jogadores, que parecem ter entendido não apenas o que o treinador quer, mas o que a torcida precisa, que é essa vontade de vencer, essa disposição pra aproveitar oportunidades, essa necessidade de ser campeão. Ainda falta muito, mas não tem como negar que parecemos estar num bom caminho. 

João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.

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Fonte: Mundo Rubronegro

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