Landim quer transformar o Flamengo num vilão de desenho animado

O Brasil vive uma tragédia sem precedentes. Por conta do caos climático e do desmanche das políticas ambientais, somado a diversas decisões equivocadas nos mais diversos níveis de gestão, o Rio Grande do Sul passa por uma grave inundação que tirou vidas, destruiu casas e parece estar longe de se encerrar.

As imagens são trágicas, o cenário é assustador, e todos os escalões do governo vem tentando tomar ações para minimizar os danos, assim como pessoas no Rio Grande do Sul e ao redor de todo o Brasil se unem em atos de solidariedade que envolvem desde uso de jet skis e barcos pessoais para regaste, até doações de alimentos, roupas e água, com muita gente dedicando seu tempo a trabalho voluntário e ações para arrecadar recursos.

Bahia e Vitória apoiam parar Brasileirão e isolam mais Flamengo

Nesse contexto, não foi incomum ver atletas dos times gaúchos fazendo sua parte para ajudar os habitantes do estado. Atletas do Juventude limparam as casas de vítimas da enchente, Thiago Maia e o goleiro Caique participaram da busca por pessoas isoladas, Rochet e Enner Valencia levaram cestas básicas para um abrigo, entre outras ações.  

São exemplos que provam não apenas o impacto dessa tragédia na vida de todos na região, mas também o poder que o futebol tem de se tornar parte da vida de cada um e ajudar a mobilizar a atenção – e o dinheiro – a que os atletas tem acesso para oferecer contribuições positivas na hora que as pessoas que ajudam a manter o futebol – os torcedores e torcedoras – mais precisam.

Então nada mais natural que, durante uma tragédia nacional, num momento em que temos um estado inteiro em situação precária, sem a menor condição de pensar em esporte, os campeonatos nacionais sejam paralisados, correto?

Se não por uma questão básica de sensibilidade diante do sofrimento do outro, ao menos por uma questão de ética esportiva, já que é impossível que atletas dos 3 times gaúchos que disputam a Série A possam competir em condições de igualdade enquanto tem familiares sem luz, vizinhos sem água, o bairro onde moram absolutamente inundado.

E é isso que pensam 13 dos times do Brasileirão, uma lista que inclui até mesmo equipes geridas por pessoas sabidamente nefastas, como é o caso de Athletico Paranaense e Atlético Goianiense. Cinco times, num grupo heterogêneo que vai desde o normalmente engajado Bahia até o tradicional São Paulo, preferiram não se manifestar.

E dois, apenas dois times, se colocaram contra a paralisação, se referindo a prejuízos financeiros e acreditando que “ceder a estrutura para treinamentos” já resolve o problema, como se um clube fosse apenas seus jogadores e comissão técnica, e não todos os funcionários e demais profissionais envolvidos, além de suas famílias, que com certeza não caberiam em nenhum CT.

Infelizmente o Flamengo faz parte desse grupo restrito de clubes que se opõe a paralisação, no que parece ser uma espécie de projeto da atual gestão para que ele se torne, com razão, um dos clubes mais odiados do país. Incêndio no Ninho do Urubu? Vamos barganhar com as famílias enquanto pagamos milhões para qualquer lateral horrível. Pandemia com milhões de mortos? Lucro é mais importante. Tragédia no RS? Não justifica parar o campeonato. Jesus Cristo apareceu em campo durante um FlaxFlu? Provavelmente Landim mandaria Wesley dar um carrinho nele, pois está interrompendo a partida.

Porque é evidente que nenhum grande time é amado pelos seus adversários, mas uma coisa é a antipatia normal que você tem pelos seus rivais, e outra coisa é ter um clube, da dimensão do rubro-negro, sendo gerido por pessoas que parecem desprovidas de qualquer senso de humanidade ou imperativo moral, vivendo apenas em busca de vantagens pessoais e poder político. O Flamengo nasceu, e o Flamengo existe, como manifestação do sonho de pessoas, antes seis jovens remadores, hoje milhões de homens e mulheres espalhados pelo mundo, e exatamente por isso ele precisa ser sensível ao sofrimento e às necessidades de todas as pessoas, sejam elas rubro-negras ou não.

Então mais do que esperar que uma diretoria que já se mostrou indiferente ao sofrimento de pais e mães dos seus próprios jogadores da base demonstre alguma sensibilidade diante do sofrimento de pais e mães no Rio Grande do Sul, é o caso de pensarmos, cada vez mais, em como retomar o nosso clube das mãos de pessoas como Landim, Braz e outros nomes que se mostram não apenas incompetentes no futebol como também desumanos fora dele.

Porque se for pro Flamengo ser um clube odiado, que seja por inveja, recalque e paranoia, não por ações reais que fazem com que até mesmo nós, torcedores rubro-negros, fiquemos decepcionados ele.

João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.

Fonte: Mundo Rubronegro

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