O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, defendeu a decisão de assinar um contrato com a Globo no qual o Flamengo perde receita em relação ao acordo anterior e tem sua vantagem para os rivais divididos. Segundo Landim, o mercado mudou e seria “injusto” o Flamengo manter o mínimo fazendo os outros clubes perderem receitas.
“O Flamengo hoje não tem garantia mínima no contrato que a gente assinou. Nós tínhamos uma garantia mínima dentro de um produto, que é o pay per view, a gente tinha uma garantia mínima que na verdade todos os clubes tinham e esses clubes abriram mão em negociações. Quando foi negociado o pay per view no mercado, existia uma expectativa de receita, e o mercado muda. A gente tomou a decisão certa em querer ficar com a garantia mínima, enquanto o mercado que era visto para ser de R$ 600 milhões ele caiu para R$ 430 milhões”, disse Landim em entrevista ao podcast “Dinheiro em Jogo”.
Questionado por Rodrigo Capelo onde vai estar em 2025, Landim começou dizendo que estará “na arquibancada”, mas logo revelou ter planos maiores dentro e fora do Flamengo.
➕Landim quer ter papel em liga quando sair do Flamengo
De acordo com Landim, a partir do momento em que os clubes se romperam em dois blocos de negociação, o Flamengo entendeu que deveria abrir mão da exigência pela garantia mínima da Globo para não “impactar os seus parceiros” da Libra.
“Se a gente vai partir para uma grande negociação, então eu quero manter as mesmas condições que eu tinha. No momento em que você separa em blocos, a gente sabe que isso vai afetar ainda mais esse produto, porque você vai ter menos clubes participando. Querer que o Flamengo imponha esse mínimo garantido reduzindo a receita dos outros nove clubes é injusto, não é razoável que isso aconteça. Do lado de cá teve a percepção de dizer o seguinte: uma coisa é quando você está fazendo uma liga. Outra coisa é quando você está negociando por blocos, que você vai impactar os seus parceiros. Isso é negociação que vai acontecendo ao longo do tempo e nós concordamos de abrir mão disso.”
Landim diz não se arrepender da Lei do Mandante
Pelos cálculos do Flamengo, se o novo contrato com a Globo já estivesse em vigor em 2023, o clube receberia R$ 73 milhões a menos do que ganhou. Uma projeção da própria Libra indica que a diferença entre Flamengo e Palmeiras cairia de R$ 112 milhões para R$ 8 milhões.
Landim foi questionado pelo repórter Rodrigo Capelo se se arrepende de ter apoiado a criação da Lei do Mandante, que possibilitou que outros clubes passem a vender direitos de jogos do Flamengo e enfraqueceu o clube nas negociações com a Globo. Ele negou.
“Eu acho que não, pelo seguinte. Se a lei anterior estivesse em vigor, com os grupos que nós temos de clubes, a gente não teria nem o sucesso disso. Porque só os jogos entre os clubes de dentro da Libra é que poderiam ser passados. Porque pela lei anterior você precisaria ter a autorização dos dois clubes para passar. Então o número de jogos que a gente teria com nove clubes ficaria muitíssimo mais restrito, e não haveria o interesse da Globo de negociar”, avaliou.
Capelo então ponderou que Vasco, Botafogo e Cruzeiro chegaram a fazer parte da Libra e que Fluminense e Internacional, que lideram o Forte Futebol, poderiam ter uma postura diferente caso não tivessem direito de exibir jogos de clubes da Libra como visitantes. Landim não quis discutir o cenário.
“Mas aí a gente está partindo de uma premissa que não é um fato. O fato é que do lado de cá tem nove clubes. Na minha percepção, a lei do mandante proporcionou a possibilidade de isso acontecer. Certamente nós não teríamos assinado o contrato que nós assinamos se a lei não tivesse passado”, afirmou.
Liga virá pelo amor ou pela dor, diz presidente do Flamengo
Landim qualificou a negociação em bloco com a Globo como “um estágio necessário para que a gente possa atingir a liga”.
“Eu continuo acreditando nisso, e acreditando que essa é uma etapa de um processo maior que vai acabar acontecendo. Como falou minha finada avó, por amor ou por dor eu acho que em algum momento os clubes vão entender que é fundamental que eles possam se sentar e se entender. E eu espero que isso venha ocorrer o mais rápido possível”, afirmou.
Questionado se conversou com o presidente do Fluminense, parceiro na gestão do Maracanã e líder do bloco concorrente, sobre o assunto, Landim disse que sim, mas que os dois têm visões diferentes.
“Eu tive sim uma conversa com o Mário [Bittencourt], foi a única conversa que nós tivemos sobre isso e foi um dia no Maracanã. O que eu falei para ele é que o grande problema que eu via era de diferença de conceito de valor. O que eu aprendi na minha vida é que quando um produto tem valor, aparece dinheiro. O grande problema é que existe uma diferença de percepção em relação ao valor que a gente traz para a mesa e o valor que eles trazem para a mesa. Eu disse: “Mário, o grande problema é que vocês não aceitam algo que para nós é uma verdade absoluta. O valor que a gente traz para a mesa é muito maior que o valor que vocês trazem para a mesa”, afirmou.
Fonte: Mundo Rubronegro