E no sub-20 não tem outro igual, só o Flamengo é campeão mundial

O ano era 1979, quando o jornalista Geraldo Mainenti, numa matéria para a extinta revista Manchete Esportiva, lançou o título “Craque, o Flamengo faz em casa“. Na época ele falava do time campeão carioca do ano anterior, que também já havia vencido um turno do estadual daquele ano, com Zico, Leandro e Júnior, entre outros. Mas além de projetar aquela que talvez seja a mais vitoriosa geração de jogadores já revelada pelo Flamengo, ele também estava lançando ali a frase que já era uma tradição, mas se tornaria também um slogan para o rubro-negro.

Porque em toda sua história o Flamengo se especializou em revelar grandes jogadores. De Zizinho nos anos 30 até Vinícius Júnior nos dias de hoje, passando por Moacyr, Jorginho, Adílio, Leonardo, Adriano e Juan, entre inúmeros outros jogadores, as categorias de base rubro-negras ajudaram a escrever a história não apenas do clube e do futebol brasileiro, mas também do esporte em nível mundial, lançando atletas que não apenas brilharam nas mais diversas partes do planeta como são até responsáveis pela popularização do futebol em certos países, como Zico fez no Japão.

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Por isso não chega a ser uma surpresa, mas também não deixa de ser uma emoção, ver surgindo mais uma geração vitoriosa nesse clube que forma ídolos não apenas pra própria torcida, mas até mesmo para outros clubes – imagine como seria a história do Corinthians sem Marcelinho Carioca ou a do Palmeiras sem Paulo Nunes, ambos jóias da base rubro-negra. E um grande marco para essa meninada vai ser, com toda certeza, a conquista do título Mundial sub-20.

Primeiro pela dimensão do torneio. Ainda que recente, apenas na sua terceira edição, uma competição que coloca o campeão da América do Sul contra o campeão da Europa, sempre tende não apenas a ser um ótimo termômetro sobre quem é o melhor do mundo – com todo respeito ao emergente futebol dos outros continentes – como também representar um grande desafio para qualquer sulamericano. Afinal, a base de um time brasileiro é, em média, composta por brasileiros, já a base de um time europeu consiste em todas as crianças talentosas ao redor do mundo que eles conseguirem “importar”.

Depois pela experiência em si. Se ganhar um título mundial é uma experiência pra poucos e ganhar um título mundial em pleno Maracanã é pra menos gente ainda, imagine viver isso antes dos 20 anos, uma idade em que já é uma grande conquista passar num vestibular ou ainda não precisar ter um emprego? E a experiência de um Caio Garcia ou Felipe Teresa, de ser decisivo numa conquista desse calibre, de um time do tamanho do Flamengo, dentro de um Maracanã com mais de 40 mil pessoas?

Então sim, neste sábado a nossa molecada fez história. Nomes como Dyogo Alves, Iago, Rayan Lucas, Matheus Gonçalves, Shola, entre outros, merecem cuidado e atenção, pela qualidade que já demonstram, pelo potencial que tem e pelos resultados que podem ter diante de uma transição bem feita para o profissional. Craque o Flamengo sabe fazer em casa, mas como já aconteceu várias vezes, ele sabe desperdiçar ou subestimar o potencial de vários jogadores também.

E claro, não podemos esquecer Filipe Luís. Ainda no início de sua jornada como treinador e recebendo quase no susto o comando da equipe sub-20, faz boa campanha no Brasileiro, venceu o mundial e cada vez mais deixa claro que a inteligência e o conhecimento de futebol que existiam dentro do campo também se manifestam fora dele, além de um respeito pelo Flamengo que deixa claro que não, quando Filipinho falou que ainda iria treinar nosso time principal, não era um palpite era uma promessa.

Que venham mais conquistas então. Que essa geração tão promissora siga mostrando que é mais do que uma promessa, que Filipe Luís siga firme no caminho para se tornar um grande técnico e que o Flamengo siga, como faz desde sua fundação, mostrando pro mundo que craques ele sempre soube fazer em casa.

João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.

Fonte: Mundo Rubronegro

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