David Luiz explica relação com Flamengo entre o hoje e o depois de amanhã

Vivendo talvez a sua melhor fase desde que chegou ao Flamengo em 2021, David Luiz deu uma longa entrevista ao Player’s Tribune sobre a sua carreira e como vê o futebol e a vida. Na entrevista, ele explicou por que decidiu jogar no Flamengo.

“Pro Flamengo, eu vim pro Brasil de férias. Depois de uma pandemia. E a decisão do Flamengo foi de enxergar, poxa, como foi difícil não passar o casamento da minha única irmã no Brasil. Como foi difícil nos adversários ou datas comemorativas eu estava longe. Como foi difícil no Chelsea ganhar título, fazer gol, 60 mil gritando meu nome, depois chegava em casa não tinha ninguém. A pandemia me fez refletir sobre isso, sobre a vida, sobre as pessoas, sobre o sofá. Aí eu na pandemia eu voltei, uns cinco a dez times para voltar para a Europa, eu vi meu sobrinho crescendo, jogar bola com ele, três meses no Brasil, minha mãe, meu pai, e começou a mobilização da Nação e eu falei: quer saber? É aqui que eu devo estar”, explicou.

David Luiz, que já passou por momentos de questionamento no Flamengo – a renovação do seu contrato foi criticada por boa parte da torcida após um 2023 em que pouco jogou – disse que já estava preparado para a relação de amor e ódio.

“Ah, David, mas você vai pro Flamengo, é pressão? Vou. Ah, David, mas hoje eles te amam, amanhã eles te odeiam. Mas depois de amanhã eles amam de novo. Ah, David, mas você não precisa disso. Eu preciso disso para viver. Eu preciso ir contra o sistema. Eu não posso me acovardar e fugir daquilo que eu tenho a oportunidade na minha vida. Que é de mostrar pras pessoas que é possível. Que não é só ajudá-las a celebrar, mas é ajudá-las também a enxergar como torcer, como ver as pessoas. E que muitas vezes a frustração delas não tá na gente, tá na vida. Aquilo é só um momento de escape. Da ansiedade, da depressão, da tristeza”, afirmou,

Depois de uma longa carreira na Europa, David Luiz disse que, se gostasse de comodismo, não teria voltado ao Brasil.

“Eu sou assim, pelo que eu sinto. Eu não gosto do comodismo. Se eu gostasse do comodismo, eu não voltava para o Flamengo. O que passou passou, não tem como mudar. Futuro a gente planeja, mas não sabe. O dia especial é hoje, agora”, afirmou.

Ele vê seu papel no Flamengo muito além de dentro de campo.

“Nosso país não pode ser o mais rico em tudo e não estar desfrutando. Não pode ter oportunidade de ser o melhor lugar do mundo e não estar sendo. Mas a gente delega aos outros: é o governo, é isso, aquilo. E nós, o que estamos fazendo nós? Será que a gente não está sendo conduzido pelo sistema? Será que a gente não está conduzido por pensar isso é normal, já não dá para mudar. É melhor eu pensar na minha família, pegar minhas filhas, morar numa ilha longe e fugir dos problemas. Não. Por mais que esse pensamento possa passar na sua cabeça algumas vezes, não. Vem cá, vamos conversar. Eu perdi no jogo ontem, você perdeu onde na sua vida? Você sabe? Onde você ganhou também? Que talvez o melhor gol que a gente está fazendo é esse aqui, estar trazendo e buscar as nossas filhas. O mais importante da vida são as pessoas, têm valor. O resto têm tudo preço. Mas é preciso cuidar bem, recalcular e enxergar o que vale a pena”, disse.

Questionado sobre a principal lição que aprendeu, David Luiz recorreu a outro esporte fora do futebol para explicar:

“O mais difícil é você ter a força e a nação que você vai apanhar mais do que vai bater. É como filme de boxe. Você apanha 11 rounds, mas no 12º você ganha. O mais difícil é aguentar os 11, mas no 12º você celebra”, afirmou.

Fonte: Mundo Rubronegro

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