Em busca de sua primeira vitória como visitante nesta fase de grupos da CONMEBOL Libertadores, o Flamengo tem um confronto direto contra o Bolívar, pelo grupo E, nesta quarta-feira (24). E será na altitude de 3.640 metros de La Paz, capital da Bolívia, no Estádio Hernando Siles, onde os Celestes costumam dificultar a vida de seus adversários.
Maior campeão do país – com 30 títulos nacionais -, o Bolívar possui um elenco recheado de jogadores de variadas nacionalidades. Desde argentinos, uruguaios, canadenses a brasileiros. Entre os representantes do Brasil está o atacante Francisco da Costa, de 28 anos, que é o artilheiro do clube na temporada – e também na Libertadores – com 8 gols e 5 assistências em 9 jogos.
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Nascido em Taquari, no Rio Grande do Sul, Chico, seu apelido, foi revelado pelo Athletico-PR depois de passar pelas bases de Grêmio e Internacional, mas também vestiu a camisa de outros clubes brasileiros como Inter de Lages, Tombense e São José-RS antes de iniciar uma verdadeira aventura pelas Américas. E que teve México, Paraguai, Colômbia e Bolívia no roteiro.
E foi na altitude boliviana que o brasileiro teve, por enquanto, os melhores números da carreira. Na sua primeira passagem pelo Bolívar, em 2022, marcou 24 gols e deu 11 assistências em 40 jogos. Após uma rápida passagem pelo Atlético Nacional, no futebol colombiano, no ano passado, retornou para La Paz e segue com o devido destaque.
Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, Francisco da Costa falou sobre as espectativas para o aguardado duelo contra o Rubro-Negro, que é comandado por Tite e tem um dos elencos mais estrelados das Américas. E tratou o jogo como uma “final antecipada”, uma vez que o Bolívar tem 100% de aproveitamento e, em caso de um novo triunfo, encaminharia a vaga nas oitavas de final. Os cariocas têm quatro pontos.
O brasileiro também comentou sobre o tema da altitude, que sempre foi um pesadelo para os adversários se tratando das competições continentais, e admitiu que, de fato, este é um ponto a favor do Bolívar.
“Desde o começo a Libertadores sempre é final. Fomos jogar contra o Palestino e entendíamos muito bem que o importante era somar de visitante e, se possível, três pontos. As circunstâncias do jogo se deram assim, acabamos fazendo 1 a 0, teve a expulsão e soubemos jogar com um mais. E contra Millonarios também. Era um confronto direto, tendo entendido que o Flamengo é favorito para classificar no grupo. E agora, com as circunstâncias que se deram, ganhar do Flamengo entendemos, sim, que é botar um passo, um pé nas oitavas de final . É uma final, é uma guerra”, começou por dizer.
“Pode ter certeza que conversamos bastante no vestiário (sobre o jogo), sabemos a importância que é. O Bolívar, hoje, não é um clube que pede um título, não sentimos que tem essa obrigação, diferente de jogar em um time grande como o Flamengo. Mas sentimos aqui que as pessoas pedem para surpreender, e temos condição de surpreender. Surpreendemos ano passado (com Bolívar nas quartas) e temos vontade de fazer de novo. O primeiro passo é chegar às oitavas e depois começar a sonhar passo a passo. Esse clube já chegou na semifinal da Libertadores (em 2014). Mas primeiro é somar contra o Flamengo e começar a encaminhar classificação”.
Sobre o tema altitude e os 3.640 metros acima do nível do mar que o Flamengo terá pela frente, Francisco da Costa abriu o jogo. E admitiu ser um trunfo para os bolivianos em campo.
“Eu não tenho nenhuma hipocrisia de falar sobre a altitude, porque é uma desvantagem para quem vem. As pessoas aqui dizem ‘não tem que falar muito’, mas o fator climático existe em muitos lugares. O calor, o frio, a umidade e tudo mais. Mas, sem dúvidas, a questão da altitude é o mais difícil, porque não é uma questão de que está quente ou frio. Às vezes, é difícil jogar com a umidade, não é que falta ar, mas os jogadores sabem. A gente pode perguntar para qualquer jogador do Brasil como que é jogar às 11h em Goiânia ou coisas assim. Mas, sem dúvida, a altitude é a mais difícil”.
“O torcedor vê pela TV e não se dá conta do difícil que é não estar adaptado à altitude. Millonarios, por exemplo, para mim, fez um jogo muito bom aqui. Em relação à parte física, conseguiram se movimentar bastante, tiveram um homem a mais no meio e isso ajudou bastante, porque é um time que já está adaptado. Bogotá tem altitude de 2.800m e aqui o (Hernando) Siles está a 3.600m. Mas é difícil, não tem como esconder. Obviamente, isso não tira nossos méritos, porque se fosse realmente uma vantagem tão grande, eu acho que o Bolívar já teria alguns títulos de Libertadores, mas não é assim. Inclusive, ano passado, o Internacional veio e soube jogar melhor do que qualquer outro time do nível do mar aqui em La Paz e conseguiu fazer resultado. Mas sem dúvida é desafiador jogar na altitude”.
O camisa 19 dos Celestes revelou, inclusive, que também sofreu com a altitude. Inclusive, não apenas na Bolívia, mas também no México, onde passou anteriormente.
“No início, eu sofri (com a altitude). Minha história é assim, eu saio do Brasil jovem para o México e foi a minha primeira experiência com a altitude. Eu jogava em um time a nível do mar, mas jogávamos, sobretudo, com muitos times de altitude, porque o México, principalmente primeira divisão, os jogadores em sua maioria acontecem em altitude. Cidade do México tem 2.300m. Querétaro, onde eu joguei, tinha 1.800m, 2.000m, depois Toluca, que é mais alto, 2.700m, mas enfim, Pumas, Pachuca também, América, Cruz Azul. Muitos times são da altitude e eu não gostei. Minha primeira experiência foi ruim. Eu lembro de ter jogado os primeiros três minutos bem assim. Eu comecei a afogar e demorava a recuperar, mas com o tempo fui me acostumando”.
“Agora, aqui na Bolívia, é mais alto. Quando cheguei, vim do Paraguai e pensava: ‘ufa, acabou a altitude’. Passaram seis meses e venho jogar no lugar mais alto, não só da América, acho que do mundo. E o começo foi um pouco complicado, essa questão dos treinamentos. Eu realmente cansava bastante e com o tempo eu fui adaptando. Depois também é muito bonito quando você adapta e vai jogar no Siles, o campo é muito rápido e você sente que entende melhor o jogo que o adversário. Não só pela altitude, senão pela velocidade da bola. Faz o jogo muito rápido. Mas o começo foi um pouco complicado”.
Atacante Francisco da Costa concedeu entrevista exclusiva à ESPN
VIRALIZOU COM REAÇÃO APÓS SORTEIO DA LIBERTADORES
Em março, quando a fase de grupos da Libertadores havia sequer começado, Francisco e seus companheiros de Bolívar Patito Rodríguez e Bruno Sávio viralizaram por conta de um vídeo publicado nas redes sociais após o sorteio.
E o que chamou atenção foram as reações distintas de cada um deles após saberem que o Flamengo estaria na mesma chave. Enquanto o ex-Santos Patito vibrou, Chico e Sávio mostraram preocupação. E ele contou os bastidores da cena.
“Em um torneio como a Libertadores não pode escolher muito. São os melhores da América, mas eu e o Bruno já tínhamos entendido o Flamengo como um dos favoritos para ganhar. E a gente não queria pegar no grupo. Mas também sabemos como é difícil e como ninguém quer também hoje enfrentar o Bolívar aqui em La Paz. A gente demonstra também no começo do campeonato que a gente pode somar de visitante, não é algo habitual para esse clube, mas hoje em dia, com o projeto que tem de progredir fazendo, sentimos que podemos competir também em qualquer lugar da América. Mas foi divertido o vídeo. O Pato mais feliz por jogar no Maracanã e Rio de Janeiro”.
“Eu vi uma galera comentando, dizendo: ‘Ai, eles estão felizes por ele, só por ir pro Rio’. A gente vai para o Rio, eu passei o Ano Novo no Rio. Mas, no contexto de estar sempre jogando, viagem, eu acabo indo pouco para Porto Alegre, cidade de onde sou. Então a gente comemora por poder, além de jogar um grande jogo no torneio e voltar para casa, se sentir mais perto de casa, sentir o Brasil. O Pato morava em Florianópolis. Foi divertido o vídeo, foi espontâneo. Mas, pode ter certeza estamos felizes de jogar em um estádio como Maracanã nessa circunstância, porque eu acho que é diferente de jogar no Maracanã, não sei, em qualquer dia por outro torneio, do que jogar numa quarta-feira de noite em uma situação de Libertadores. Estamos motivados”, disse.
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SE EMOCIONOU EM ENCONTRO COM ADRIANO IMPERADOR
Apesar de ter vestido o manto de outro Rubro-Negro do país, o Athletico, Francisco da Costa tem uma história curiosa com um dos ídolos da torcida do Flamengo: Adriano.
Em 2014, durante a sua passagem pelo CT do Caju, Chico conheceu o Imperador pessoalmente. Isso porque, à época, depois de ficar um período longe dos gramados após deixar o Flamengo em 2012, o astro disputou 4 jogos pelo Furacão e anotou um gol.
E, hoje, passada uma década desse encontro, o artilheiro do Bolívar já recebeu algumas comparações nas redes sociais com o Imperador. Quando questionado, brincou.
“Eu não tinha escutado (sobre a comparação). Na verdade, eu até acho divertido as comparações, mas acho que nós, jogadores, preferimos não nos compararmos com o ninguém. O Adriano, obviamente, foi um ídolo para mim. Eu cresci vendo. Acho que a melhor seleção brasileira em termos de nome da história, eu lembro. Em 2006, eu tinha 11 anos e era o quadrado mágico. Kaká, Ronaldinho, Ronaldo e Adriano. Acho que poucas vezes a gente vai ver isso se repetir. O Adriano é um ídolo para mim”, disse.
“Eu tenho uma história muito engraçada, divertida. Eu tinha 18 anos, morava no CT do Caju, no Athletico-PR, e a gente dividia quatro entre dois e tinha rumores de que o Adriano podia chegar. E até que um dia eu cheguei do treino e o meu companheiro, Bruno Pelissari, estava no quarto. E na frente da porta de cada quarto tem uma placa com o nome de quem habita. Eu cheguei trocando a roupa, e O Bruno fala: ‘Viu quem está no quarto do lado? Sai aí e olha a placa’. Aí eu saí, olhei a plaquinha do lado do quarto, 7 ou 8, e estava a placa dele: Adriano Ribeiro. Eu voltei correndo paro quarto: ‘Cadê ele, mano? Cadê ele’. O Bruno falou que ele estava com os diretores comendo no refeitório. Aí troquei a roupa, subi no refeitório, no Athletico era tudo integrado. Estava o sub-18, sub-20, o elenco profissional, todos comendo no mesmo refeitório. Eu lembro direitinho, sem exceção, todos, desde a garotada de 18 anos até os profissionais, a gente comia olhando a mesa aonde estava sentado e conversando com os dirigentes”, lembrou.
“Lembro também de subir para completar um treino profissional e treinar com ele. E foi bacana. Foi emocionante, todo mundo queria tirar foto com ele no CT e tudo mais. Eu sou um pouco mais tímido para isso, não gosto de interromper as pessoas, pedir foto. Mas o Adriano era um ídolo para mim. Tenho certeza que era para muita gente e muitos jogadores de futebol no Brasil”, finalizou.
Fonte: ESPN