A tática inegociável e ousada de Filipe Luís no Flamengo

A estreia de Filipe Luís como técnico do Flamengo animou os torcedores rubro-negros e membros da imprensa. Entre eles o jornalista Bernardo Ramos, que destacou a nova tática implementada na vitória sobre o Corinthians e as falas do novo treinador na coletiva ao detalhar a estratégia corajosa que monta para o time rubro-negro.

Bernardo inicia vídeo em seu canal no Youtube destacando a “resposta muito interessante” de Filipe durante a coletiva pós-jogo. Ele se refere a comentário sobre a marcação pressão no campo adversário e a “ousadia” do treinador de querer que o time mantenha a postura por 90 minutos.

“Ele não abre mão dessa tática de marcar pressão na saída de bola do adversário, e não é uma meia pressão, é uma pressão frenética, que acaba deixando alguns espaços atrás, mas o objetivo é sempre roubar a bola no campo ofensivo do Flamengo, no caso, campo defensivo do adversário”, disse o jornalista.

Filipe falou sobre a marcação e necessidade de mantê-la por 90 minutos em respostas diferentes na coletiva. Primeiro falou sobre “realizar os ajustes necessários para fazer (a pressão) do meu jeito”. Comentário seguido da explicação sobre querer a intensidade durante todo o confronto.

“O que eu peço aos meus jogadores não é fácil, pressionar 90 minutos não é fácil. E eu quero tentar, porque eu sei que dar, porque eu já fiz. Os problemas físicos vão acabar acontecendo, mas é um risco que eu quero correr”, respondeu Filipe Luís.

Um desses riscos admitidos pelo treinador são as lesões, algo que assola o time rubro-negro nesta temporada. Mas Filipe trata a intensidade como inegociável e afirmou que vai priorizar o melhor time para aplicá-la de acordo com o adversário. E Bernardo Ramos destaca os pontos fundamentais para a tática seguir dando sucesso.

  • Jogadores bem fisicamente: tanto para evitar ao máximo as lesões quanto para manter a pressão alta por 90 minutos, é fundamental que o time atinja o ápice físico.
  • Rodar o elenco: ponto relacionado com o item anterior; é necessário mudar as peças para manter os jogadores bem, ainda que mudanças durantes os jogos.
  • Momento para dar o bote: “não tomar a bola nas costas, para o time adversário ficar com a possibilidade de fazer uma jogada importante depois no campo defensivo do Flamengo”, disse o jornalista.
  • A grande diferença entre Tite e Filipe Luís

    A marcação, aliás, foi a primeira e grande mudança do trabalho de Filipe Luís em relação ao de Tite. Algo que surpreende o jornalista, já que o elenco dava sinais de esgotamento físico com o antigo treinador.

    “Essa foi a grande mudança do Flamengo do Filipe Luís em relação ao do Tite, a principal foi essa força na marcação com encaixes individuais na saída de bola do adversário. (…) Ele está desafiando até a lógica, porque a lógica nesse momento aponta para um Flamengo em frangalhos fisicamente.”

    A estratégia do novo treinador foi fundamental para a pressão que o Flamengo impôs sobre o Corinthians na última quarta, principalmente no primeiro tempo. Foram nove desarmes mesmo 64% de posse de bola. Muitos desses no campo de ataque e que geraram lances de perigo.

    A influência de Jorge Jesus e Simeone

    Foi então que Bernardo Ramos identificou as influências de Jorge Jesus neste início de trabalho do Filipe no Mengão. Semelhança que está justamente nesse desejo de um time intenso na marcação alta, mas ainda distante no esquema tático.

    “Influência de Jorge Jesus em Filipe Luís, é até complicado falar assim. Tem um quê de Jorge Jesus nesse time do Flamengo, acho que na marcação, sim, mas é complicado a gente falar no sistema tático de jogo, porque o Jorge Jesus jogava no 4-1-3-2”, comentou.

    Outra referência sempre lembrada pelo próprio Filipe é Diego Simeone. O ídolo do Flamengo afirma que foi o treinador do Atlético de Madrid que o fez despertar o desejo de ser técnico. Mas a inspiração não necessariamente está nos sistemas dos treinadores, e sim na postura que exigem de suas equipes.

    “Simeone joga de uma forma completamente diferente, com três zagueiros, e na fase defensiva vira um 5-4-1, depois pode virar um 3-4-3, ou um 3-5-2, dependendo da forma como o Simeone joga, ele muda muito a forma de jogar, então eu acho que é menos o que a gente pode falar de sistema tático, e mais sobre o método de marcação.”

    Posicionamento de Arrascaeta

    Mudança no posicionamento de Arrascaeta também relembrou movimentações do time de Jorge Jesus. Filipe Luís instruiu o meia a utilizar mais o lado esquerdo do campo, algo que fazia com o treinador português. Mas destaca-se que a movimentação não significa reproduzir táticas utilizadas por JJ.

    “Arrascaeta jogou pelo lado esquerdo, isso remontou o time do Jorge Jesus sim. Mas isso é mais fácil fazer. Chega e fala ‘joga lá do lado esquerdo’. Fácil para um técnico, evidentemente, não é o meu caso. Mas colocar o Arrascaeta do lado esquerdo não é das coisas mais impossíveis. Ele fez em determinado momento na partida”, disse Bernardo Ramos.

    Filipe Luís faz comparativo entre estreias como jogador e treinador do Flamengo

    Erros de Filipe Luís

    Mas não só de acertos foi feita a estria de Filipe Luís, ao menos para Bernardo Ramos. O jornalista entende que o técnico errou ao colocar Matheus Gonçalves na vaga de De La Cruz, que estava cansado, e não optar por Alcaraz. Isso porque avalia que o time ficou desequilibrado.

    “Acho que o Felipe Luís também tenha cometido os erros dele, e é normal que isso aconteça. Por exemplo, nas alterações, eu teria colocado o Carlos Alcaraz. O Alcaraz no lugar do De La Cruz, e não o Matheus Gonçalves, ele deixou o time mais exposto quando ele colocou o Matheus Gonçalves.”

    A entrada de Matheus, por outro lado, mostra que o jovem ganhou espaço com a chegada de Filipe. Ele definitivamente não estava nas principais opções de Tite e agora foi acionado nas primeiras mudanças, aos 30 minutos do segundo tempo.

    Como Ramon Diaz melhorou o Corinthians

    Por fim, análise de como o Corinthians conseguiu equilibrar ao menos um pouco no segundo tempo de partida. Ramón Díaz mudou esquema no intervalo para ter três zagueiros e dois atacantes. O Fla seguiu criando chances, mas o adversário incomodou mais a saída de bola com dois jogadores de frente.

    A criação de chances continuou muito similar. Foram 10 finalizações no primeiro tempo (4 no alvo), contra nove no segundo (3 no alvo). A diferença ficou nos erros de passe do Flamengo que o Corinthians conseguiu forçar, que refletiram ligeiramente na posse de bola: 60% a 40% no primeiro tempo e 54% a 46% no segundo.

    Fonte: Mundo Rubronegro

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