A gente nem queria, mas parece que o Flamengo aprendeu mesmo a sofrer

Mais uma vez não foi como a gente queria, mais uma vez não foi fácil, mais uma vez não foi bonito. Mas mais uma vez o Flamengo venceu. E venceu um jogo importante, fora de casa, contra uma das equipes mais perigosas da atualidade, dando um passo importante rumo às semifinais da Copa do Brasil. 

A decisão de Tite de começar a partida sem Michael no ataque, mas com Léo Ortiz no meio de campo, reduzia um pouco nosso potencial ofensivo, mas apresentava não só o benefício de povoar o meio de campo, ponto forte do Bahia, como também aquela vantagem óbvia que qualquer esquema sem a presença do volante Allan oferece, que é a de não contar com a presença do volante Allan.

JOÃO LUIS JR.: E no sub-20 não tem outro igual, só o Flamengo é campeão mundial

Então o que se viu no primeiro tempo foi um Flamengo pressionado, com menos posse de bola e que parecia estar numa rotação mais lenta que o do Bahia, errando passes e perdendo rapidamente ao controle do jogo, mas que ao menos conseguiu evitar as chances mais claras do adversário e levou para o intervalo o placar de 0x0.

E o cenário não parecia muito diferente no segundo tempo, até que dois homens decidiram nos lembrar porque eles são, cada um a seu modo, absolutamente predestinados quando se trata de Flamengo.

O primeiro foi Bruno Henrique, que após a cobrança de escanteio feita por De la Cruz, saltou mais alto que toda a defesa tricolor e abriu o placar da partida, numa linda cabeçada. Sem Pedro, machucado, sem Gabigol, machucado, sem Carlinhos, que não pode disputar a Copa do Brasil, coube a Bruno Henrique, o 4º na fila de sucessão da posição de centroavante no Flamengo, deixar a sua marca, mostrando que predestinado é pouco, o que BH é ainda não tem nome.

O outro homem, é claro, não poderia deixar de ser ele, Rogério Ceni. No seu 13º confronto com o Flamengo como treinador, Ceni conseguiu atingir a sua 13ª derrota, pelo 3º time diferente, exibindo uma consistência e uma regularidade que apenas um homem que ainda não se recuperou de ter tido sua marmita roubada por um segurança do Ninho do Urubu conseguiria oferecer. Mesmo que o Flamengo não tivesse feito a parte dele para ganhar, a verdade é que Rogério com certeza faria a sua para perder.

Outros destaques ficam por conta da grande atuação de Matheus Cunha, que após o primeiro gol fez ao menos duas importantíssimas defesas para garantir o placar, e da imensa e urgente necessidade do Flamengo de realizar um banho de sal grosso, uma unção dos enfermos, uma aplicação de johrei em todo o seu elenco.

Isso porque após as lesões de Pedro, Gabigol, Cebolinha, Viña e Arrascaeta, no fim da partida contra o Bahia tivemos não apenas De La Cruz saindo com dores como também Michael sentindo a coxa, sem contar Gérson que aparentemente está tão exausto que sentiu a altitude mesmo Salvador ficando no nível do mar.

Ou seja, se as lesões continuarem nesse ritmo e dada a falta de vontade de Tite de escalar jogadores da base, em breve sócios-torcedores estarão sendo sorteados para entrar em campo pelo Flamengo – e provavelmente se sairão melhor que o Allan.

Mas o saldo da noite, obviamente, é positivo. Uma vitória fora de casa numa partida complicada, um passo importante para a classificação, o triunfo de um time que segue competindo mesmo diante de tantos desfalques. A preocupação é apenas com o quanto, diante desse calendário cruel e desse volume de lesões, o Flamengo ainda consegue sobreviver, lutando em três frentes. Vamos torcer, é claro, pra que seja até o final.

João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.

Fonte: Mundo Rubronegro

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