Mudança de preparador físico pode ter tirado Arrascaeta de decisão, diz fisioterapeuta

Com uma final de Copa do Brasil por jogar, o Flamengo dificilmente terá seu craque, o meia Arrascaeta, e nem mesmo o recém-chegado Luiz Araújo. Isso porque a dupla sofreu a mesma lesão na mesma partida, ambos no primeiro tempo do empate em 0 a 0 contra o Internacional, no Maracanã. Ambos foram diagnosticados com lesão no bíceps femoral da coxa esquerda, e a culpa pode ser da mudança repentina na preparação física.

Pablo Fernández foi demitido acertadamente pelo Flamengo após a agressão a Pedro, mas a chegada de um novo profissional, o Nicolás Maidana, independentemente de sua qualidade, pode ter afetado os dois jogadores. Não é comum que dois atletas tenham a mesma lesão e deixem o campo ainda no primeiro tempo, mas o fisioterapeuta Hector Pelerano responde que a mudança pode ter a ver.

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O MRN entrou em contato com o profissional, que afirmou que uma mudança repentina na forma do trabalho da preparação física do time pode sim afetar o corpo do jogadores por conta de uma nova carga, ou mesmo sobrecarga nos exercícios.

“Sim, mas não especificamente a equipe de preparação física atual, mas a mudança de metodologia de trabalho. Cada profissional trabalha de acordo com sua expertise e conhecimento técnico e em alguns momentos, apesar dos objetivos serem os mesmos, a forma de alcançá-los muda. Essa mudança pode trazer uma carga de treino diferente do que os jogadores estavam habituados, necessitando de um período de adaptação e deixando os jogadores mais suscetíveis a lesões por sobrecarga física, como as lesões musculares”, explica Hector.

Gramado ruim do Maracanã não é culpado de lesões

Apesar do péssimo estado do gramado do Maracanã, o jogo ter acontecido no estádio não é o motivo das lesões de Arrascaeta e Luiz Araújo. É verdade que o risco de lesões aumenta em campos ruins, mas as lesões musculares nada tem a ver com isso, conforme explica Hector.

“A maior incidência de lesões que temos em gramado ruim são lesões articulares, as famosas entorses. Elas ocorrem quando a articulação vai além da amplitude que é habitual e fisiológica, resultando em estiramentos e/ou rupturas de ligamentos ou tendões”, diz o fisioterapeuta.

Problemas de Arrascaeta e Luiz Araújo têm pequena diferença

Ambas as lesões são de grau 2. No entanto, foi noticiado que a de Arrascaeta é ‘quase grau 3’. Hector explica o motivo dessa diferenciação e comenta ainda a mudança para o grau 1.

“Arrascaeta e Luiz Araújo tiveram lesões de grau 2 e foi citado que a do Arrascaeta seria um pouquinho mais grave. Essa diferença se dá pela quantidade de fibras musculares lesionadas. Quando a gente tem uma lesão muscular mais simples, de grau 1, existe um estiramento dessas fibras, elas esticam bastante, mas não chega a ter ruptura. No grau 2, já temos ruptura parcial”, diz.

Em seguida, o profissional disserta de forma didática o que seria ‘quase grau 3’, que basicamente tem a ver com uma grande ruptura de fibras, mas sem completar uma lesão na musculatura.

“No grau 3, se tem uma ruptura completa de um segmento da musculatura, ficando como se tivesse um espaço entre a musculatura rompida. Isso fica visível. Essa diferença entre 2 e 3 ou ‘quase grau 3’ é a quantidade de fibras musculares rompidas. Significa que houve uma ruptura grande de fibras quase chegando a fazer uma lesão completa na musculatura, mas não houve. A diferença é a quantidade de fibras musculares que foram rompidas”, complementa.

Para fisioterapeuta, jogadores do Flamengo não devem jogar final da Copa do Brasil

Os jogos entre Flamengo e São Paulo acontecem nos dias 17 e 24 de setembro, respectivamente. No entanto, Hector diz que pelo tempo médio de recuperação para essa lesão, Jorge Sampaoli só deve colocar Arrascaeta e Luiz Araújo em campo se for no ‘sacrifício’, assim como o uruguaio atuou no ano passado.

“O prazo de recuperação para a lesão de grau 2 varia, no mínimo de seis semanas, chegando a oito. Por isso, não acredito que os dois estejam a disposição para o primeiro jogo. Para o segundo jogo, eu também não acredito. Porém, talvez eles façam valer esse esforço por ser uma final dependendo das condições que o Flamengo estiver. Se não for muito bem na primeira partida, talvez coloquem na segunda”, opina.

No entanto, Hector explica que isso não seria aconselhável, já que a recuperação ainda não estará completa, apesar da lesão alcançar um nível parcial de cicatrização.

“Mas não acredito, porque precisa desse tempo mínimo de seis semanas para estar bem cicatrizado. Com um mês, quatro semanas, a arquitetura muscular já foi modificada e já existe uma boa cicatrização. Mas essa é a primeira fase da recuperação da lesão. Depois tem que colocar o jogador em condições de fazer os movimentos e os gestos técnicos do específicos do esporte para eles poderem, assim, desempenhar um bom papel sem chances de ter uma nova lesão”, finaliza.

Fonte: Mundo Rubronegro

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