Feminizar. Um termo que é pouco usado no Brasil, provavelmente porque seria rejeitado, criticado, ridicularizado. Mas que virou política de Estado na França.
A feminização do Esporte não foi um movimento radical, não foi um movimento feminista, não foi um grito de mulheres revoltadas. Foi e é um conjunto de medidas que a França adotou há 10 anos como forma de reparação histórica.
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Não se trata obviamente de elogiar uma pseudo superioridade europeia, mas de refletir sobre experiências além mar. Para que haja igualdade, equidade de verdade, o governo estabeleceu algumas metas:
Contudo, 10 anos depois, o balanço não é dos melhores: o governo reconhece que, apesar das melhorias e dos investimentos, a França está longe da tão sonhada equidade para as mulheres nos esportes.
Em um artigo no próprio site do governo francês, a socióloga e presidente da Sociedade de Sociologia do Esporte, Catherine Louveau, escreve sobre: “Onde estamos na igualdade mulheres homens no esporte?”
Após um balanço sobre algumas melhorias e as dificuldades de superar barreiras históricas, ela insiste sobre uma questão cultural na diferenciação da prática do esporte: para os homens, se trata de performance, força e construção de virilidade. Para as mulheres, a estetização do corpo. E reconhece que o mundo do esporte está atrasado nos avanços da igualdade de gênero, comparado as esferas da política e do trabalho.
Sua propostas para avançar efetivamente são:
Ou seja Feminizar o Esporte significa promover uma desconstrução histórica e cultural, impulsionando uma prática para todas, que leve em consideração a pluralidade das necessidades de cada menina, de cada mulher.
Queremos.
Podemos.
Precisamos.
Estamos prontas.
Só falta o apoio da outra metade da sociedade…
Marion Konczyk Kaplan é conselheira do Clube de Regatas do Flamengo e presidente da Bancada Feminina do Conselho Deliberativo. Mestre em História pela Sorbonne Paris. Siga: @marionk72
Fonte: Mundo Rubronegro