Torcedores relatam emboscada e despreparo da PM em Palmeiras x Flamengo

O clima ficou pesado após a eliminação do Palmeiras no Allianz Parque, e os torcedores do Flamengo tiveram dificuldades para deixar o estádio. Mais do que isso, foram emboscados e agredidos após a classificação rubro-negra, e os relatos são de um grande despreparo da Polícia Militar de São Paulo. Nas redes sociais, circularam vídeos de torcedores tentando fugir da confusão.

O torcedor e influenciador flamenguista Vini Rubro-Negro presenciou a confusão. Ao MRN, ele dá detalhes do que aconteceu, desde a saída do estádio até os momentos de maior aflição. Vini conta que a PM liberou a torcida visitante antes do habitual no Allianz Parque, o que causou estranheza entre os rubro-negros.

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“30 a 40 minutos após o fim do jogo, os policiais já foram levando a torcida para sair da arquibancada. Imaginávamos que ficaríamos no corredor do Allianz, esperando. Em 2022, assisti ao jogo lá. Ficamos 1h30 esperando para sair. Eles foram deslocando a gente e parecia tudo tranquilo. Fomos descendo as escadas, já tinha a rua, tudo liberado para a gente sair. Chegou na esquina, os torcedores (do Palmeiras) estavam esperando”, conta Vinicius.

Flamenguista foi agredido por policial

Vinicius contou ainda a história de Alexandre Galle, que foi confundido com um torcedor do Palmeiras e sofreu agressões da Polícia Militar de São Paulo.

“Teve um torcedor sangrando. Ele estava de verde, para se camuflar. Falou que no meio da confusão, correndo, ele foi agredido. Abriu um ferimento forte abaixo do olho dele. Ele ficou sangrando bastante, um dentista tentou ajudar ele. Um ambulante chegou a dar gelo para ele colocar na cara”, diz Vinicius, que publicou o vídeo desse torcedor.

Alexandre relata que a agressão aconteceu com cassetete no rosto, e pegou ainda em outras partes de seu corpo.

“No corre-corre, o policial me confundiu, achou que eu estava na confusão. Cassetete na cara, pegou no braço”, diz Alexandre Galle.

Os momentos de terror

Vinicius relata a saída do estádio e os torcedores correndo desesperados para tentar voltar para dentro do Allianz Parque. No entanto, a entrada já havia sido fechada e o acesso não foi liberado, deixando os flamenguistas encurralados.

“Quando a gente estava saindo, só ouvimos o barulho de quebra-quebra. A galera correndo de volta: ‘Confusão! Estão invadindo! Estão invadindo!’ A gente saiu correndo de volta para o portão. Quando a gente volta, está fechado, e tem uma barricada de policiais já com cassetete, gritando: ‘Volta! Volta!’ Para a gente voltar para onde a confusão estava acontecendo”, diz, antes de continuar:

“Os torcedores avisando: ‘Estão invadindo. Vocês liberaram a gente muito cedo. Estão ali fora, eles estão entrando’. E os caras gritando ‘volta’. A gente recuando, esse foi o momento que tive mais medo. A impressão que tive é que eles iam empurrar a gente até onde a confusão estava acontecendo e ia sobrar para a gente. Eu lembrei na hora do que aconteceu com a torcedora do Palmeiras em 2023. Quando eles viram a torcida vindo, eles foram para cima dos caras”, lembra.

O portão permaneceu fechado por conta da Polícia Militar, que não autorizou que os seguranças do estádio reabrissem os portões. Eles chegaram a pedir desculpas por não poder abrir.

“A todo momento perguntavam qual era a nossa camisa. Ficamos prensados no portão do Allianz Parque, implorando para abrirem o portão. Que deixassem a gente ali na parte de fora, mas dentro do portão. A Polícia, em vez de nos tranquilizar, nos apavorava mais. A impressão que dava era que a gente estava brigando. O segurança do Allianz Parque falaram várias vezes: ‘A gente não tem autorização para abrir, desculpa’. Ou seja, a autorização era da Polícia Militar, que não liberou”, completa.

Torcedores contam momento de emboscada e correria

Outros torcedores também deram seus relatos. Vini Rubro-Negro publicou vídeo com o torcedor Osvaldo Veloso, que reforçou o momento em que a torcida do Flamengo ficou encurralada.

“Estava a dez minutos do meu carro. Os caras estavam esperando na esquina. A polícia liberou antes, estávamos no meio da rua quando os caras começaram a vir correndo para cima da gente. Todo mundo correndo, e os caras não abriram o portão para a gente”, diz Osvaldo.

Arthur também se mostrou revoltado, relatando o xingamento de um policial aos torcedores do Flamengo.

“PM acabou de falar ali: ‘rala, seus cariocas de m***’. Ou seja, botando a gente para morrer aqui. Estamos encurralados. Parabéns, estado de São Paulo. Quando chegam no Rio, a PM estende tapete vermelho para eles. Esse é o tratamento para a gente aqui. Ninguém faz p*** nenhuma”, relata.

Ao MRN, Vini Rubro-Negro diz ainda que os torcedores palmeirenses esperaram os flamenguistas até o final, e quando conseguiu ir embora, ainda havia violentos marginais tentando agredir rubro-negros.

“A todo momento dava para ver as camisas da organizada do Palmeiras. Tinham duas saídas. A cada dez minutos, abriam parte do portão para a galera sair. Quando a galera tentava sair, tinha gente esperando. Até o final, até o momento que pedi Uber, ainda tinha torcedores dessa organizada esperando”, relata.

O despreparo da Polícia Militar de São Paulo em Palmeiras x Flamengo

Para Vini Rubro-Negro, o que aconteceu em São Paulo foi consequência de um despreparo da PM.

“Houve um grande despreparo. A impressão que deu é que eles não tinham a mínima experiência de escoltar torcedores em um jogo de futebol. Eles não pareciam fazer esforço para isso. A impressão que deu era que nós, torcedores comuns, estávamos errados de ter ido ao jogo”, opina.

Antes do jogo entre Palmeiras e Flamengo, a Polícia já mostrava erros no tratamento. Como mostraram outros vídeos que circulam nas redes sociais, os torcedores não puderam ficar em um bar próximo da entrada visitante.

“Bem na entrada da visitante, tem um bar. Uma hora para começar o jogo, eles foram obrigando a gente a entrar. Eles foram tirando os caras do bar, que estavam consumindo de boa. A força, puxando pela camisa. Torcedores normais”, relembra.

A agressividade era recorrente, bem como as ameaças que partiam dos policiais.

Antes mesmo do jogo, eles já estavam sendo truculentos com a gente fora do estádio. Eles não falavam: ‘Vamos entrar, galera’. Não, era: ‘Entra! Entra! Vamos!’ Já ameaçando com cassetete. Toda hora era isso. Ameaça com cassetete, ameaça que vai jogar bomba”, conta, antes de lembrar:

“Teve uma honra que a gente ficou prensado num tapume de metal, e dava para ouvir eles gritando: ‘Se eles forçarem mais aqui, a gente joga bomba’, achando que a gente queria invadir o outro lado. Sendo que não, a gente estava correndo da torcida do Palmeiras. Claramente, um grande despreparo”, afirma.

VP de Gabinete da presidência do Flamengo, Diogo Lemos solta nota contra a PM

Diogo Lemos se manifestou por intermédio e suas redes sociais. O dirigente chega a insinuar conivência da Polícia Militar de São Paulo com a emboscada da torcida do Palmeiras.

“Mais uma vez, a PM de SP não age conforme deveria, que é prezar pela segurança dos torcedores, principalmente os visitantes. Parece que há sempre uma má vontade quando o Flamengo joga no Allianz. Ontem, como de praxe em jogos lá, novos relatos de que os torcedores rubro-negros foram maltratados e os policiais negligenciaram a segurança destes, quando alteraram o caminho natural de saída da nossa torcida, resultando no encontro com alguns membros de uma torcida organizada do Palmeiras, que já estavam à espera para iniciar um ‘ataque’”, escreve Diogo Lemos.

O vice de Gabinete de Landim, nas entrelinhas, agradece ainda uma torcida organizada do Flamengo, que teria evitado o pior com os torcedores comuns.

“Menos mal que alguns ‘Defensores do Manto’ de nossas torcidas mantiveram a posição e a segurança dos demais. O que poderia ter sido uma grande tragédia foi amenizado pela disposição dessa galera. Sem citar nomes, deixo aqui meu reconhecimento”, continua, antes de finalizar:

“A torcida do Flamengo estará presente sempre, em qualquer canto do país e do mundo, e deve ser respeitada. Fica aqui o repúdio ao ocorrido e a esperança de que isso não se repita. A rivalidade entre Flamengo x Palmeiras deve ficar dentro das 4 linhas e cabe ao poder público garantir a segurança do espetáculo”, encerra.

Fonte: Mundo Rubronegro

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