Maior ídolo da história do Flamengo, Zico fez comentários sobre o atual tratamento que o clube dá às categorias de base e diferenças para o Palmeiras. Em entrevista com Rodrigo Caetano, ex-dirigente rubro-negro e atual coordenador executivo da CBF, o Galinho pontuou como o foco do Fla está principalmente em lucrar com a base, enquanto o Palmeiras prioriza utilizar jovens na equipe.
Ainda que apenas pontuando a diferença entre os modelos das duas equipes, é impossível deixar de notar incômodo do ídolo na fala. Zico cita época em que os atletas da base eram os protagonistas das conquistas do Flamengo, o que incluí a histórica geração que liderou, e dá a entender desaprovar falta de destaques na base em evidência no profissional.
“O Palmeiras era um time de contratação. De repente começou a promover e olha quanto de grandes jogadores surgiram lá. Demora. (…) O Flamengo adotou outro. Formava e vendia. Antigamente, ganhava, formava… O Flamengo fazia em casa. Agora não. Agora está vendendo, adquirindo verba e contratando mais que o normal”, disse Zico, durante o “Resenha do Galinho”.
O Palmeiras chama a atenção por ter revelado Endrick e Estevão em curto espaço de tempo, dois jovens que rapidamente se destacaram no time principal. Entretanto, vale destacar que ambos foram vendidos antes de completarem 18 anos. O primeiro, aliás, já se apresenta ao Real Madrid após a Copa América.
Estevão completa maior idade apenas em abril de 2025, quando deixa o time paulista para reforçar o Chelsea. Ou seja, o Palmeiras tem retorno técnico com esses jovens por utilizá-los muito jovens no time principal, a partir dos 16 anos. Mas a venda precoce acontece assim como no Flamengo.
E são esses jovens que dão a sensação de grande diferença no uso da base. Isso porque ganharam vagas de titular e muitos minutos com o técnico Abel Ferreira. No entanto, os dois times estão empatados no número de atletas da base utilizados nas grandes competições: 10 a 10.
No Flamengo, os jovens da base com mais minutos são Wesley e Lorran, que viraram titulares apenas após time sofrer desfalques para a Copa América. A dupla de Garotos do Ninho tem, respectivamente, 1.279 e 811 minutos no ano. Endrick (1.590′) e Estevão (1.326′) possuem mais tempo em campo no ano.
Zico comenta aumento de limite para estrangeiros
Os comentários sobre a utilização da base começaram após questionamento sobre o aumento de limite de estrangeiros nos clubes para nove. Zico frisa que é a favor de intercambio de culturas no futebol e que tenham profissionais de fora atuando no Brasil, sejam jogadores, treinadores ou dirigentes.
No entanto, questiona a Rodrigo Caetano se o aumento no mínimo de estrangeiros não limita o número de atletas da base que ganharão espaço, principalmente nos times de melhor poder aquisitivo. Isso porque o Galinho considera ser mais fácil para um time contratar um destaque estrangeiro do que trabalhar um jovem.
“Hoje é mais fácil pegar um estrangeiro em vez de promover (jovens) […] Eu acho que os estrangeiros sempre tiveram espaço no futebol brasileiro, seja treinadores ou jogadores. Mas eu acho que o número de nove é exagerado.”, opinou.
Fonte: Mundo Rubronegro
