As denúncias contra o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid crescem a cada dia. No caso mais recente, o militar é acusado de ter vendido nos EUA um Rolex ganho de presente pelo ex-presidente.
É apenas mais uma das muitas denúncias contra Cid, preso sob acusação de fraudar o cartão de vacinação do ex-presidente e suspeito ainda de operar uma rachadinha no Palácio do Planalto e articular uma tentativa de golpe contra o presidente Lula.
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Mesmo assim, Cid não corre risco, no momento, de perder a condição de sócio honorário do Flamengo. Num dos momentos mais vergonhosos da história do clube, o militar recebeu a homenagem em plena pandemia, no fim de 2020, junto com outros políticos de segundo escalão próximos a Bolsonaro.
Estatuto exige serviços prestados ao Flamengo ou ao esporte
O estatuto do Flamengo prevê que o Conselho Diretor – que tem Rodolfo Landim como presidente – pode a cada ano indicar até 10 novos sócios honorários. A homenagem é exclusiva para quem tiver comprovados serviços prestados ao Flamengo ou ao esporte brasileiro.
O Flamengo nunca divulgou publicamente quais seriam os tais serviços prestados por Mauro Cid e pelos outros homenageados na ocasião, como o deputado Hélio Lopes, o então ministro Jorge Francisco e o também assessor de Bolsonaro Célio Faria Júnior.
As indicações da diretoria, que naquele ano incluíram ainda o então secretário-geral da CBF Walter Feldman e o presidente da Alerj, André Ceciliano, foram aprovadas pelo Conselho de Grandes Beneméritos, órgão formado por 30 dos sócios mais antigos do clube, incluindo alguns ex-presidentes.
Ironicamente, na mesma sessão o conselho votou para promover o ex-presidente Kleber Leite a grande benemérito e até hoje, quase três anos depois, opositores de Leite tentam revogar o título no Conselho Deliberativo. Atualmente, o caso está na Justiça. O prazo para recorrer da homenagem a Cid, porém, se esgotou.
Mauro Cid só pode ser expulso após condenação
Assim sendo, o militar não pode mais ter a homenagem revogada. A opção para removê-lo do quadro de sócios do clube seria um processo disciplinar que levasse a sua expulsão. Entretanto, apesar da grande quantidade de denúncias e de ele estar preso há meses, o estatuto do Flamengo prevê a abertura de processo de expulsão neste caso apenas de sócios que tenham sido condenados por crimes graves. Não é o caso de Cid, que sequer virou réu ainda.
Como sócio honorário, Cid não tem direito de participar da vida política do Flamengo. Pode, porém, frequentar a sede do clube normalmente. Isto é, caso não esteja preso.
Fonte: Mundo Rubronegro