O Flamengo é o campeão legítimo do Campeonato Brasileiro de 1987, o que é fato para quem estudou a história daquele ano, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) segue tentando decidir de quem é o título. Neste mês de maio, ministros irão votar se o título deve ser enfim ir para o verdadeiro campeão ou se manterão decisão de deixar taça com Sport por não considerar contexto e acontecimentos da edição.
O julgamento será feito de forma virtual pela 2ª turma do STF, entre os dias 10 e 17 de maior. Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Edson Fachin, Nunes Marques e André Mendonça são os ministros que vão votar. Em decisão em dezembro de 2023, última sobre o caso, Toffoli decidiu por manter título com Sport. A informação do novo julgamento é do jornalista Guilherme Amado, do “Metrópoles”.
A decisão também envolve a disputa pela Taça das Bolinhas, que deveria estar no Museu do Flamengo. O troféu foi criado para premiar o primeiro pentacampeão brasileiro, que no campo foi o Rubro-Negro: 1980, 1982, 1983, 1987 e 1992. No entanto, com as decisões que analisam apenas os documentos e ignoram a história, a taça está com o São Paulo atualmente.
Julgamentos sobre o caso acontecem desde 1988, quando o Sport entrou na Justiça cobrando reconhecimento de título. A decisão favorável ao time pernambucano aconteceu primeiro nos anos 90, e o Flamengo recorreu só em 2011, quando a CBF reconheceu títulos por fax, e conseguiu que a entidade reconhecesse o título. O Fla voltou a tentar em 2017 e a decisão se manteve, mas Guilherme Amado garante novo recurso em caso de negativa do tribunal.
Muitos torcedores do Flamengo, aliás, pedem que o clube esqueça essa disputa judicial. Isso porque o STF analisa apenas documentos da CBF sobre a edição e, ao ignorar todos os fatos que precederam o início da competição, entende de fora equivocada que o Sport é o campeão legítimo. Entenda:
Flamengo foi campeão do Brasileiro de 1987 no campo
Em 1987, CBF alegou que não tinha condições financeiras de organizar o Campeonato Brasileiro e os clubes formaram o Clube dos 13 para organizar uma competição sem a entidade. Assim nasceu a Copa União. Entretanto, logo após o comunicado, a CBF anunciou que faria competição com outros 16 clubes e propôs um cruzamento entre os dois primeiros de cada torneio.
O Clube dos 13 recusou a proposta, mas Eurico Miranda se colocou como representante do grupo em reunião com a entidade, no dia 8 de setembro de 1987, três dias antes da abertura da Copa União. Ele assinou acordo completamente contrário à posição dos times e concordou com a oferta da CBF.
A Copa União se tornaria Módulo Verde e representaria a primeira divisão junto ao Módulo Amarelo, que tinha apenas times de menor expressão em comparação com o Clube dos 13: Atlético-GO, Athletico, Bangu, Ceará, CSA, Criciúma, Guarani, Inter de Limeira, Joinville, Náutico, América-RJ, Portuguesa, Rio Branco, Sport, Treze e Vitória.
No dia seguinte, Márcio Braga, presidente do Flamengo, e outros mandatários afirmaram que não realizariam o cruzamento e Eurico não tinha a autonomia para tomar tal decisão. No entanto, a CBF ignorou, não marcou nova reunião e deu a decisão como definitiva.
O Flamengo disputou e foi campeão da Copa União de 1987 após bater o Internacional na final, se tornando o campeão brasileiro do ano. Os dois clubes mantiveram a posição e não disputaram o quadrangular final com Guarani e Sport.
O Fla é o verdadeiro campeão no campo e seguiu os princípios de não aceitar a traição de Eurico Miranda e a tentativa da CBF de se aproveitar da situação.
Fonte: Mundo Rubronegro
