Ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello e membros de sua diretoria lançaram, nesta segunda-feira (29), o livro “Paixão e Sucesso – A Gestão que Transformou um Clube”. Evento na Livraria Travessa do Shopping Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, reuniu ex-vice-presidentes, torcedores rubro-negros e, apesar do assunto não praticamente não vir a tona, o evento para lançar a obra que exalta a passagem de EBM juntou muitos dos que devem fazer parte de chapa de oposição nas eleições deste ano.
Produzida pela Editora Lux, a obra foi organizada por Pedro Iootty, ex-VP da Secretaria Geral e presidente da Assembleia Geral do Flamengo, e os economistas Fabio Giambini e Rodrigo Madeira. O livro conta com textos de 16 vice-presidentes da gestão Bandeira, além de jornalistas, e detalha processo de reestruturação financeira. A dívida rubro-negra diminuiu R$ 300 milhões ( de R$ 737 para R$ 455 milhões) e o faturamento aumentou 200 milhões (de R$ 342 para R$ 538) em seis anos.
“É uma história bonita, uma trajetória de sucesso e que precisa ser contada. Para quem? Para os sócios, torcedores, amantes futebol e aqueles que gostam de uma boa gestão. Daí surgiu em trabalho com o Fabio Giambini, um escritos de livros, e a gente chegou na ideia que precisava por no papel e deixar para as próximas gerações. O desafio foi juntar tantas pessoas boas, de dentro e fora do Flamengo, um trabalho técnico e sem viés político. E tem muita história que pessoas não sabem detalhes, tem coisas inéditas. Acho que ficou muito legal e o dia aqui mostrou isso, esgotaram os livros. Não só para torcida do Flamengo, mas amantes de futebol, negócios e gestão”, disse o organizador do livro.
Já Bandeira de Mello agradeceu pela presença de torcedores e comentou um pouco sobre o processo de escrita do livro. Ele foi responsável pelo prefácio e, assim como Pedro Iootty, entende que os processos do Flamengo pode é um bom livro não só para rubro-negros, mas também para gestores esportivos.
“O carinho da torcida não tem preço. Isso é única coisa que a gente sente ai nas ruas, no Maracanã e hoje sentimos aqui na Livraria Travessa. O livro é um trabalho técnico, um relato de experiência dos seis anos da nossa gestão. Escrito por quem vivenciou, quem protagonizou e eu só fiz escrever o prefácio, mas eu tenho impressão que todo mundo vai gostar e ele vai servir inclusive de apoio para outras administrações esportivas”, disse o ex-presidente do Fla e hoje deputado federal.
Todos os 250 livros que estavam à venda durante o evento esgotaram. A longa filas por autógrafos de Bandeira e do trio que assina a obra contaram com ex-dirigentes e torcedores durante todas as três horas de evento.
“O principal são os princípios e valores que deram origem a tudo isso que a gente fez. Aquela coisa de tentar dar um exemplo positivo para 40 milhões de torcedores rubro-negros, muitos deles crianças, jovens, pessoas humildes. O futebol é coisa mais importante para boa parte dos brasileiros e com certeza para boa parte de rubro-negros. Então, a gente tinha que dar exemplo e acho que conseguimos”, finalizou Bandeira de Mello.
Lançamento reuniu muitos aliados de Bandeira de Mello
O grande número de aliados políticos no Flamengo deu alguns indícios em ano eleitoral. O tema não foi debatido abertamente, até porque não era o intuito da reunião, mas nomes fortes como o do ex-presidente Marcio Braga estiveram presentes. Questionado pelo MRN, EBM confirmou que o grupo está se formando para disputar as eleições e deixou em aberto quem será escolhido para ser o candidato.
“Eu poderia dizer para você que provavelmente estava aqui na Livraria Travessa aqui hoje. É possível. São alguns companheiros nossos que estarão juntos. Importante é isso, não quem será o cabeça. Importante é o grupo estar junto e cada vez maior. “
Muitas figuras políticas marcaram presença e é difícil afirmar a quem o ex-presidente se referia. No entanto, o nome de Flavio Willeman é o mais cotado até aqui e o próprio Bandeira também teve seu nome especulado como candidato para fazer a oposição a Rodrigo Dunshee, provável escolha de Landim para representá-lo.
Vale destacar que muitos torcedores do Flamengo questionaram se havia alguma citação à Tragédia do Ninho do Urubu no livro. Isso porque Eduardo Bandeira de Mello é um dos réus no processo pelo incêndio que vitimou 10 jogadores da base rubro-negra. Entretanto, os autores afirmaram que foram aconselhados por setor jurídico a não falarem sobre o assunto justamente por ainda ter processos abertos.
Alexandre Póvoa lembra reestruturação dos Esportes Olímpicos
Uma das primeiras decisões da gestão Bandeira de Mello para reestruturar o clube foi acabar com modalidades adultas de esportes olímpicos: judô, natação e ginástica olímpica. Apenas promessas da base permaneceram, incluindo a ginasta Rebecca Andrade, que estava na categoria juvenil. Nomes como Jade Barbosa e os irmãos Hypólito deixaram o clube.
VP encaminhado pela pasta, Alexandre Póvoa relembra o início de dificuldade e o processo árduo para tornar o time novamente potência olímpica do país. O basquete foi o grande destaque de seu período no clube, com quatro NBB, uma Copa Super-8, uma Liga das Américas e logicamente o Mundial Interclubes no Maracanãzinho.
“Foi um processo muito duro, complicado. A gente chegou lá e realmente a situação era muito difícil, sem querer criticar ninguém, até porque todos os rubro-negros do passado foram importantes para o que o Flamengo é hoje. Mas era um desequilíbrio muito grande em quesito de despesa. Tivemos que tomar medidas drásticas, mandar atletas embora, tinham salários atrasados de quatro meses, etc. Aos poucos conseguimos reestruturar as coisas, foram entrando nos eixos. Nossa ideia era que o Flamengo conseguisse sobrevier com Esportes Olímpicos autossuficiente. E a gente conseguiu fazer isso, tirando o remo (outra Vice-presidência)”, iniciou Póvoa, antes de completar:
“Mas no meio disso tivemos muitas vitorias, não só no vôlei, na natação, no polo aquático, na ginastica artísticas. Hoje, graças a Deus conseguimos lanças sementes para o clube ser o que é hoje. O Flamengo hoje disputa com Pinheiros e Minas o posto de maior potencia olímpica do Brasil. E o Marcelo Vido, que está lá até hoje, foi muito importante. A mistura do amador, que era eu, e o CEO que era o Vido deu muito certo. Até hoje a coisa vem dando certo.”
Flavio Willeman, ex-VP Jurídico, comenta mudanças realizadas no Flamengo
Apontado como possível candidato à presidência do Flamengo, o ex-VP Jurídico Flavio Willeman falou sobre todas as mudanças que o clube passou em sua pasta. Alterações que vão desde renegociações de dívidas trabalhistas, que eram de R$ 400 milhões quando a gestão assumiu, até a Lei de Responsabilidade Fiscal, que responsabiliza dirigentes por irresponsabilidade com as contas do clube.
“Foi um prazer servir ao Flamengo durante seis anos interruptos como vice-presidente jurídico. De fato o trabalho que foi feito eu me orgulho demais, parte dele está descrito no livro. E digo que todos esses problemas, desde os ativos trabalhistas, lei de responsabilidade fiscal e todos os assuntos foram feitos em conjunto. Em conjunto com todos que aqueles que estavam lá desde 2013, muito não escreveram esse livro, mas têm muito crédito pelo que aconteceu.
“O trabalho era totalmente integrado, jurídico, financeiro, patrimônio, recursos humanos, presidência, CEO. Foi muito gratificante registrar um pouquinho disso no livro, mas não isso fiz isso sozinho. Todos os VP que estavam lá desde 2023, na primeira gestão e na segunda, todos contribuíram muito, talvez até mais que eu. “
Marketing foi uma das principais mudanças do Flamengo
O Flamengo apostou em marketing para criar novas fontes de receita e teve bom retorno. O time fechou 2014 e 2015 com 116 e 115 milhões arrecadados na área. Se em 2012 55% do faturamento do clube vinha de cotas de TV, o índice logo caiu para 37%. Para Daniel Orlean, Vice de Marketing da gestão Bandeira, atitudes tomadas no começo da gestão explicam os resultados.
“O principal era tratar o Marketing de forma estratégia. Quando se fala de futebol, as pessoas pensam muito em atividade, que é exposição no Manto no nosso caso. Mas a gente tinha clareza que era preciso diversificar essas fontes de receitas e não ter mais duas: TV e patrocínio. Reforçamos o sócio-torcedor, que já tinha sido criado e a gente começou a identificar como fazer ele crescer. Combinar essa receita com matchday. Foi trabalho de olhar como grandes clubes do mundo estavam explorando receita e trabalhar visando o que só a gente tem: a Nação”, disse.
Alexandre Wrobel comenta mudanças de gestão Patrícia Amorim para Bandeira de Mello
Vice de patrimônio durante a gestão Bandeira, Alexandre Wrobel trabalhou para a presidente Patrícia Amorim por dois anos. Ele foi um dos poucos que permaneceu na diretoria após a eleição e comentou como classifica o processo de que aconteceu em seis anos de mandato para o mudar “se transformar completamente”.
“Foi um aprendizado para mim também. Eu nunca tinha participado daquela estrutura. Eu participei da segunda metade da gestão da Patrícia, últimos dois anos, e dos seis anos da gestão Bandeira. O clube se transformou por completo ao longo desse tempo. Me lembro perfeitamente sobre as dificuldades que passamos em um primeiro momento, dificuldades financeiras e escolher que tínhamos que fazer. Até para comprar uma cadeira para sala de entrevistas, pintar aqui e acolá era uma dificuldade, tinha que tirar de algum lugar; Me enche de orgulho e de prazer ter participado e contribuído de alguma forma, em especial da questão do patrimônio. A gente saiu de praticamente um terreno para um CT de primeiro mundo, a sede do Morro da Viúva estava destruída e se tornou um ícone do mercado imobiliário do Rio de Janeiro., casa de São Conrado vendida. Então a gente teve várias vitórias no caminho. “
Fonte: Mundo Rubronegro