A atacante Cristiane fez um forte desabafo sobre a mudança no perfil dos torcedores do futebol feminino e o crescimento de ofensas para atletas nos jogos. Principal contratação do Flamengo no ano, a atleta referência mundial utilizou sua posição para fazer alerta sobre migração de torcedores do masculino e o crescimento da hostilidade contra jogadoras.

“Uma coisa tem ‘pegado’ um pouquinho e as atletas no futebol feminino no geral têm tido uma chateação. Hoje existe migração de torcida do masculino para o feminino, e a gente tem recebido ofensas que não recebíamos. O futebol feminino sempre teve muita família, muita criança, idoso. Não tinha essa agressividade. Com a migração, a gente tem escutado umas coisas bem pesadas. Me deixa chateada porque continua tendo crianças e idosos. O que está sendo passado?”, iniciou Cristiane, em participação no ‘Charla Podcast’.

O futebol feminino nacional tem o objetivo de conseguir mais público e isso passa pelas torcidas do masculino, mas sem mudar o perfil harmônico característico das arquibancadas na modalidade. Assim, Cristiane entende que também é uma responsabilidade dos clubes e das próprias atletas tentarem conscientizar os novos torcedores.

“Acho que é importante os clubes ligarem alerta de conscientização e nós atletas passarmos isso para quem acompanha. Manter o que se tinha no futebol feminino, que sempre foi caloroso e respeitoso. Mas, por conta dessa migração apaixonada do torcedor do masculino por causa dos clubes de camisa, também está vindo o que eles estão trazendo do masculino para o feminino. Isso não é legal, a gente está escutando coisas pesadas.”

A atacante destacou que seu desabafo não é sobre o Flamengo, mas o futebol feminino como um todo. Por fim, finalizou seu discurso com relato pesado sobre a sensação de medo que o novo cenário gera nas atletas e como passa a repensar a presença de seu filho nos jogos.

“Começa a gerar um medo, porque eu pergunto: Qual a próxima? Apanhar dos caras? Diferente do masculino, eu saia na Vila andando com meu filho. Como tem que ser. Aí você começa a andar meio bitolada, olhando para ver se alguém está te seguindo. E eu nem estou falando aqui pelo Flamengo, mas de uma forma geral. Quando você joga conta outras equipes não tem como não escutar. Eu quero que as crianças continuem frequentando, eu não vou querer levar meu filho para ouvir a mãe ser xingada 90 minutos”, finalizou a Camisa 11 do Mengão. Veja o corte completo abaixo:

Cristiane destaca ‘pressão boa’ de jogar no Flamengo

A pressão de jogar com o Manto Sagrado e sempre precisar ir em busca dos títulos também está presente no feminino, garante Cristiane. A atacante classificou a cobrança como “pressão boa” e entende que é natural para quem atua em grandes clubes.

“Trabalhar no Flamengo, com a quantidade absurda de torcedores que nós temos, é querer ganhar toda hora. É o que o torcedor espera da gente. Mas é uma pressão boa. Tem que saber lidar com a pressão ou não joga em time grande.”

Fonte: Mundo Rubronegro

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