70 anos de Rondinelli: histórias e curiosidades do Deus da Raça

“Quando comecei a jogar pelo Flamengo, aprendi logo que quem veste essa camisa tem de mostrar garra e amor à torcida, não importa a qualidade de seu futebol. Caso contrário, é melhor ir embora”, diz a clássica frase de Rondinelli, histórico zagueiro que completa 70 anos nesta sexta-feira (26).

A fala representa bem o tamanho de Rondinelli e o quanto ele sempre entendeu o que é ser Flamengo. Não à toa conquistou o apelido de ‘Deus da Raça,’ hoje replicado a Olivinha, ídolo do basquete do clube. O eterno craque sempre deixou tudo de si dentro de campo e suas ações mostram que a declaração é mais do que verdadeira: Rondinelli sempre entendeu o que é vestir o Manto Sagrado.

Rondinelli e o gol que mudou os rumos do Flamengo

Diversas histórias e curiosidades cercam o ídolo, logicamente. O craque empilhou taças e fez parte do início da era mais marcante da história do clube. Foram cinco Cariocas e cinco Guanabaras, uma Taça Rio, e é claro, os principais títulos internacionais do Mengão: a Libertadores e o Mundial de 1981, no ano de sua despedida do clube pelo qual jogou por dez anos.

Na temporada anterior, Rondinelli conquistou o primeiro Brasileiro do Flamengo, em 1980, e foi de suma importância.

Rondinelli extraiu o melhor do Flamengo no Brasileiro de 1980

O ex-jogador ficou de fora da final contra o Atlético-MG, mas mesmo sem poder jogar, foi crucial na conquista. No jogo de ida, Éder quebrou o maxilar de Rondinelli na derrota flamenguista por 1 a 0. Internado, o ídolo ficou de fora da decisão. Mas não deixou de enviar seu recado.

Rondinelli deu injeção de ânimo nos companheiros ao ser utilizado pelo técnico Cláudio Coutinho na preleção. O treinador leu uma mensagem escrita por Rondinelli, sucinta e direta, mas forte, lembrando aos companheiros de que a conquista daquela taça também seria por ele: “Companheiros, estou bem, torcendo de fora. Vamos para as cabeças”. O Flamengo venceu por 3 a 2 e foi campeão brasileiro.

Zico diz que companheiro foi único que ele viu dividir bola com Rivelino usando a cabeça

Outra história impactante aconteceu envolvendo Rivelino. Durante um Fla x Flu, o zagueiro do Flamengo impediu um chute do jogador adversário com a cabeça. Acontece que Rivelino possuía um chute muito forte e poucos teriam tamanha coragem. Conhecido como ‘Patada Atômica’, o tricolor teve sua bomba bloqueada por um Deus. O Deus da Raça.

É preciso muita raça para tomar essa atitude. Tanto que Zico se lembra com carinho de Rondinelli e de seu feito. Segundo o Galinho, essa foi a única vez que viu alguém dividir uma bola com Rivelino usando a cabeça.

O próprio Rivelino, inclusive, se preocupou com a integridade física do jovem Rondinelli após a forte pancada na cabeça para afastar a patada do tricolor.

Nação gritou nome de Rondinelli mesmo jogando pelo Vasco

O Flamengo teve o jogador de 1971 até 1981. Mas ele também vestiu outras camisas. Uma delas foi a do Vasco, mas por um período curto em 1982, antes de rodar por Athletico-PR, Paysandu, Goiânia e Goiás. Mas nem isso apagou o brilho de sua história pelo clube para os torcedores.

Pelo contrário. Ao enfrentar o Flamengo, Rondinelli foi ovacionado pela Nação. Os torcedores gritaram seu nome durante o clássico, ignorando completamente a nova camisa rival que vestia.

O gol que mudou os rumos do Flamengo

A reação da Nação se dá exatamente por pontos específicos e importantíssimos na história do clube. Além dos fatos já citados, o grande momento de Rondinelli pelo Flamengo foi um gol contra o Vasco em 1978. Isso porque o tento começaria a mudar todo o caminho do Rubro-Negro. Para Zico, o gol que ‘libertou a geração’.

O Flamengo chegava ao clássico sob muita desconfiança. Eram cinco jogos sem marcar sobre o rival e os vices de 76 e 77, na Taça Guanabara e no Estadual. O Vasco chegava tirando onda, com os jogadores provocando o Mais Querido.

Mas era o início de uma nova geração que ainda buscava engrenar. O jogo era de segundo turno, pela final da antiga Taça Rio de Janeiro, e bastava vencer para ser campeão estadual. Mas o empate era dos vascaínos. Foi quando o Maracanã viu o início de uma linda história nos últimos minutos da partida, com um golaço de Rondinelli, de cabeça.

Aquele foi o primeiro de uma sequência de três títulos Cariocas para o Flamengo. Só depois disso o Urubu do Mengão voou mais alto, carregando taças nacionais e internacionais com Zico e cia sob suas asas.

Ídolo ainda se emociona ao falar do clube e dos torcedores

Depois de tanta história, Rondinelli segue sentindo muito orgulho por ter vestido o Manto Sagrado. Em 2017, ele participou de um evento rubro-negro em Cabo Frio e se mostrou bastante emotivo ao exaltar o que a torcida faz e sempre fez no Maracanã. Acompanhado de outros ídolos, ele emocionou os torcedores e arrancou muitos aplausos, cantando o hino do clube fervorosamente.

“Vão para o Maracanã que vocês verão o que é uma Nação! Vão para lá que aí verão o que é uma segunda Nação dentro de uma nação de duzentos milhões de habitantes. Não existe no mundo! Você pode pegar China, Coreia… Não existe uma Nação dentro da outra com essa sigla: Clube de Regatas do Flamengo. Se eu morrer agora, eu morro feliz. Tudo que eu tenho eu devo a vocês”, disse.

Fonte: Mundo Rubronegro

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